INTERNACIONAL
A A | EUA: A era da OligarquiaAbastados como nunca, porém impotentes para enfrentar o declínio de seu país, bilionários já governam sem intermediação. Ao fazê-lo, expõem a miséria e o beco sem saída do capitalismo rentista. Falta saber como decapitá-lo Por John Bellamy Foster, no Monthly Review | Tradução: Marcos Montenegro O capitalismo norte-americano, ao longo do último século, teve, sem dúvida, a classe dominante mais poderosa e com maior consciência de classe da história mundial, abrangendo tanto a economia quanto o Estado, e projetando sua hegemonia tanto doméstica quanto globalmente. No centro de seu domínio está um aparato ideológico que insiste que o imenso poder econômico da classe capitalista não se traduz em governança política e que, não importa quão polarizada a sociedade norte-americana se torne em termos econômicos, suas reivindicações democráticas permanecem intactas. De acordo com a ideologia dominante, os interesses dos ultra-ricos que governam o mercado não governam o Estado — uma separação crucial para a ideia de democracia liberal. Essa ideologia reinante, no entanto, está agora se desintegrando diante da crise estrutural do capitalismo norte-americano e mundial e do declínio do próprio Estado liberal-democrático, levando a profundas divisões na classe dominante e a uma nova dominação do Estado pela direita, abertamente capitalista. Em seu discurso de despedida à nação, dias antes de Donald Trump retornar triunfalmente à Casa Branca, o ex-presidente Joe Biden indicou que uma “oligarquia” baseada no setor de alta tecnologia e que depende de “dinheiro obscuro” na política estava ameaçando a democracia americana. O senador Bernie Sanders, por sua vez, alertou para os efeitos da concentração de riqueza e poder em uma nova hegemonia da “classe dominante” e o abandono de qualquer vestígio de apoio à classe trabalhadora em qualquer um dos principais partidos.1 A ascensão de Trump à Casa Branca pela segunda vez não significa que a oligarquia capitalista tenha subitamente se tornado uma influência dominante na política dos EUA, uma vez que esta é de fato uma realidade de longa data. No entanto, todo o meio político nos últimos anos, particularmente desde a crise financeira de 2008, tem se movido para a direita, enquanto a oligarquia exerce influência mais direta sobre o Estado. Um setor da classe capitalista dos EUA está agora abertamente no controle do aparato ideológico do Estado em um governo neofascista no qual o antigo establishment neoliberal é um parceiro minoritário. O objetivo dessa mudança é uma reestruturação regressiva dos Estados Unidos em uma postura de guerra permanente, resultante do declínio da hegemonia dos EUA e da instabilidade do capitalismo dos EUA, além da necessidade de uma classe capitalista mais concentrada para garantir um controle mais centralizado do Estado. * * * Nos anos da Guerra Fria que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, os guardiões da ordem liberal-democrática dentro da academia e da mídia procuraram minimizar o papel primordial, na economia dos EUA, dos proprietários da indústria e das finanças, que foram supostamente deslocados pela “revolução gerencial” ou limitados pelo “poder compensatório”. Nessa visão, proprietários e gerentes, capital e trabalho, cada um restringia o outro. Mais tarde, em uma versão um pouco mais refinada dessa perspectiva geral, o conceito de uma classe capitalista hegemônica sob o capitalismo monopolista foi dissolvido na categoria mais amorfa dos “ricos corporativos”.2 A democracia dos EUA, alegou-se, era o produto da interação de grupos pluralistas ou, em alguns casos, mediada por uma elite de poder. Não havia classe dominante hegemônica funcional nos domínios econômico e político. Mesmo que se pudesse argumentar que havia uma classe capitalista dominante na economia, ela supostamente não governava o Estado, que era independente. Isso foi transmitido de várias maneiras por todas as obras arquetípicas da tradição pluralista, desde A revolução gerencial (1941), de James Burnham, a Capitalismo, socialismo e democracia (1942), de Joseph A. Schumpeter, a Quem governa? (1961), de Robert Dahl), a O Novo Estado Industrial (1967), de John Kenneth Galbraith, estendendo-se do extremo conservador ao extremo liberal do espectro.3 Todas essas obras foram elaboradas para sugerir que o pluralismo ou uma elite gerencial / tecnocrática prevalecia na política dos EUA — não uma classe capitalista governando os sistemas econômico e político. Na visão pluralista da democracia realmente existente, introduzida pela primeira vez por Schumpeter, os políticos eram simplesmente empreendedores políticos competindo por votos, assim como os empreendedores econômicos no chamado mercado livre, produzindo um sistema de “liderança competitiva”.4 Na promoção da ficção de que os Estados Unidos, apesar do vasto poder da classe capitalista, continuavam sendo uma democracia autêntica, a ideologia recebida foi refinada e reforçada por análises da esquerda que buscavam trazer a dimensão do poder de volta à teoria do Estado, substituindo as visões pluralistas então dominantes de figuras como Dahl, e ao mesmo tempo rejeitando a noção de uma classe dominante. O trabalho mais importante que representa essa mudança foi The Power Elite (1956), de C. Wright Mills, que argumentou que a concepção de “classe dominante”, associada em particular ao marxismo, deveria ser substituída pela noção de uma “elite de poder”, tripartite, na qual a estrutura de poder dos EUA era vista como dominada por elites vindas dos ricos corporativos, o alto escalão militar e políticos eleitos. Mills se referiu à noção de classe dominante como uma “teoria de atalho” que simplesmente assumia que dominação econômica significava dominação política. Desafiando diretamente o conceito de Karl Marx sobre a classe dominante, Mills afirmou: “O governo americano não é, nem de forma simples nem como um fato estrutural, um comitê da ‘classe dominante’. É uma rede de ‘comitês’, e outros homens de outras hierarquias além dos ricos corporativos sentam-se nesses comitês”.5 A visão de Mills sobre a classe dominante e a elite do poder foi desafiada por teóricos radicais, particularmente por Paul M. Sweezy na Monthly Review e inicialmente pelo trabalho de G. William Domhoff na primeira edição de seu Who Rules America? (1967). Mas acabou ganhando considerável influência na esquerda ampla.6 Como Domhoff argumentaria em 1968, em C. Wright Mills e “The Power Elite“,o conceito de elite do poder era comumente visto como “a ponte entre as posições marxista e pluralista … É um conceito necessário porque nem todos os líderes nacionais são membros da classe alta. Nesse sentido, é uma modificação e extensão do conceito de ‘classe dominante'”.7 A questão da classe dominante e do Estado esteve no centro do debate entre os teóricos marxistas Ralph Miliband, autor de O Estado na Sociedade Capitalista (1969), e Nicos Poulantzas, autor de Poder Político e Classes Sociais (1968), representando as chamadas abordagens “instrumentalista” e “estruturalista” do Estado na sociedade capitalista. O debate girou em torno da “autonomia relativa” do Estado em relação à classe dominante capitalista, uma questão crucial para as perspectivas de tomada do Estado por um movimento social-democrata.8 O debate tomou uma forma extrema nos Estados Unidos com o aparecimento do influente ensaio de Fred Block “A classe dominante não governa” em Revolução Socialista em 1977, no qual Block chegou a argumentar que a classe capitalista não tinha a consciência de classe necessária para traduzir seu poder econômico no domínio do Estado.9 Tal visão, argumentou ele, era necessária para tornar viável a política social-democrata. Após a derrota de Trump por Biden nas eleições de 2020, o artigo original de Block foi reimpresso na Jacobin com um novo epílogo de Block argumentando que, dado que a classe dominante não governava, Biden tinha a liberdade de instituir uma política amigável à classe trabalhadora nos moldes do New Deal, o que impediria a reeleição de uma figura de direita – uma “com muito mais habilidade e crueldade” do que Trump – em 2024.10 Dadas as contradições do governo Biden e a segunda vinda de Trump, com treze bilionários agora em seu gabinete, todo o longo debate sobre a classe dominante e o Estado precisa ser reexaminado.11 A classe dominante e o EstadoNa história da teoria política, desde a antiguidade até o presente, o Estado tem sido classicamente entendido em relação à classe. Na sociedade antiga e sob o feudalismo, diferentemente da sociedade capitalista moderna, não existia uma distinção clara entre a sociedade civil (ou a economia) e o Estado. Como Marx escreveu em sua Crítica da Doutrina do Estado de Hegel em 1843, “a abstração do Estado como tal não nasceu até o mundo moderno porque a abstração da vida privada não foi criada até os tempos modernos. A abstração do Estado político é um produto moderno”, realizado plenamente apenas sob o domínio da burguesia.12 Isso foi posteriormente reafirmado por Karl Polanyi em termos da natureza embutida da economia na antiga polis e seu caráter desembutido sob o capitalismo, manifestado na separação da esfera pública do Estado e da esfera privada do mercado.13 Na antiguidade grega, em que as condições sociais ainda não haviam gerado tais abstrações, não havia dúvida de que a classe dominante governava a polis e criava suas leis. Aristóteles em sua Política, como Ernest Barker escreveu em O Pensamento Político de Platão e Aristóteles, assumiu a posição de que o domínio de classe explicava a polis: “Diga-me a classe que é predominante, pode-se dizer, e eu lhe direi a Constituição”.14 Sob o regime do capital, em contraste, o Estado é concebido como separado da sociedade civil/economia. Assim, surge a questão de saber se a classe que governa a economia – ou seja, a classe capitalista – também governa o Estado. As próprias visões de Marx sobre isso eram complexas, nunca se desviando da noção de que o Estado na sociedade capitalista era governado pela classe capitalista, embora reconhecesse condições históricas variadas que modificaram isso. Por um lado, ele argumentou (junto com Frederick Engels) em O Manifesto Comunista que “O executivo do Estado moderno é apenas um comitê para administrar os assuntos comuns de toda a burguesia”.15 Isso sugeria que o Estado, ou seu poder executivo, tinha uma autonomia relativa que ia além dos interesses capitalistas individuais, mas era, no entanto, responsável por administrar os interesses gerais da classe. Isso poderia, como Marx indicou em outro lugar, resultar em grandes reformas, como a aprovação da legislação da jornada de trabalho de dez horas em seu tempo, que, embora parecesse ser uma concessão à classe trabalhadora e oposta aos interesses capitalistas, era necessária para garantir o futuro da própria acumulação de capital, regulando a força de trabalho e garantindo a reprodução contínua da força de trabalho.16 Por outro lado, em O 18 Brumário de Luís Bonaparte, Marx apontou para situações bastante diferentes em que a classe capitalista não governava o Estado diretamente, dando lugar a um governo semi-autônomo, desde que isso não interferisse em seus fins econômicos e em seu comando do Estado em última instância.17 Ele também reconheceu que o Estado pode ser dominado por uma fração do capital sobre outra. Em todos esses aspectos, Marx enfatizou a relativa autonomia do Estado em relação aos interesses capitalistas, que tem sido crucial para todas as teorias marxistas do Estado na sociedade capitalista. Há muito se entende que a classe capitalista tem vários meios de funcionar como classe dominante por meio do Estado, mesmo no caso de uma ordem democrática liberal. Por um lado, isso assume a forma de investidura bastante direta no aparato político por meio de vários mecanismos, como o controle econômico e político das máquinas partidárias políticas e a ocupação direta, pelos capitalistas e seus representantes, de postos-chave na estrutura de comando político. Os interesses capitalistas nos Estados Unidos hoje têm o poder de afetar decisivamente as eleições. Além disso, o poder capitalista sobre o Estado se estende muito além das eleições. O controle do banco central e, portanto, da oferta monetária, das taxas de juros e da regulamentação do sistema financeiro, é essencialmente entregue aos próprios bancos. Por outro lado, a classe capitalista controla o Estado indiretamente por meio de seu vasto poder econômico de classe externo, incluindo pressões financeiras diretas, lobby, financiamento de grupos de pressão e think tanks, a porta giratória entre os principais atores do governo e das empresas e o controle do aparato cultural e de comunicação. Nenhum regime político em um sistema capitalista pode sobreviver a menos que sirva aos interesses do lucro e da acumulação de capital, uma realidade sempre presente que todos os atores políticos enfrentam. A complexidade e a ambigüidade da abordagem marxista da classe dominante e do Estado foram transmitidas por Karl Kautsky em 1902, quando declarou que “a classe capitalista domina, mas não governa”; logo depois, acrescentando que “se contenta em dominar o governo”.18 Como observado, foi precisamente essa questão da relativa autonomia do Estado em relação à classe capitalista que governou o famoso debate entre o que veio a ser conhecido como as teorias instrumentalistas versus estruturalistas do Estado, representadas respectivamente por Miliband na Grã-Bretanha e Poulantzas na França. As opiniões de Miliband foram muito determinadas pelo desaparecimento do Partido Trabalhista britânico como um partido socialista genuíno no final dos anos 1950, conforme descrito em seu Socialismo Parlamentar.19 Isso o forçou a enfrentar o enorme poder da classe capitalista como classe dominante. Isso foi posteriormente retomado em seu O Estado na Sociedade Capitalista em 1969, no qual ele escreveu que “se é … apropriado falar de uma ‘classe dominante’ é um dos principais temas deste estudo. De fato, “a mais importante de todas as questões levantadas pela existência dessa classe dominante é se ela também constitui uma ‘classe governante'”. A classe capitalista, ele procurou demonstrar, embora “não seja, propriamente falando, uma ‘classe governante'” no mesmo sentido que a aristocracia havia sido, ela de fato governava a sociedade capitalista de forma bastante direta (assim como indireta). Ela traduziu seu poder econômico de várias maneiras em poder político, a tal ponto que, para a classe trabalhadora desafiar a classe dominante efetivamente, ela teria que se opor à estrutura do próprio Estado capitalista.20 Foi aqui que Poulantzas, que publicou seu Poder Político e Classes Sociais em 1968, entrou em conflito com Miliband. Poulantzas enfatizou ainda mais a relativa autonomia do Estado, vendo a abordagem de Miliband ao Estado como assumindo um governo muito direto da classe capitalista, mesmo que estivesse em conformidade com a maioria das obras de Marx sobre o assunto. Poulantzas enfatizou que o domínio capitalista do Estado era mais indireto e estrutural do que direto e instrumental, permitindo espaço para uma maior variação de governos em termos de classe, incluindo não apenas frações específicas da classe capitalista, mas também representantes da própria classe trabalhadora. “A participação direta dos membros da classe capitalista no aparato estatal e no governo, mesmo onde existe”, escreveu ele, “não é o lado importante da questão. A relação entre a classe burguesa e o Estado é uma relação objetiva … A participação direta de membros da classe dominante no aparato estatal não é a causa, mas o efeito. dessa coincidência objetiva”.21 Embora tal declaração possa ter parecido bastante razoável nos termos qualificados em que foi expressa, ela tendia a remover o papel da classe dominante como sujeito com consciência de classe. Escrevendo durante o auge do eurocomunismo no continente, o estruturalismo de Poulantzas, com sua ênfase no bonapartismo apontando para um alto grau de autonomia relativa do Estado, parecia abrir o caminho para uma concepção do Estado como uma entidade na qual a classe capitalista não governava, mesmo que o Estado estivesse sujeito a forças objetivas decorrentes do capitalismo. Tal visão, rebateu Miliband, apontava para uma visão “superdeterminista” ou economicista do Estado característica do “desvio-ultra-esquerdista” ou de um “desvio à direita” na forma de social-democracia, que normalmente negava a existência de uma classe abertamente dominante.22 Em ambos os casos, a realidade da classe dominante capitalista e os vários processos pelos quais ela exerceu seu domínio, segundo o que a pesquisa empírica de Miliband e outros haviam demonstrado amplamente, pareciam estar em curto-circuito, não mais parte do desenvolvimento de uma estratégia de luta de classes a partir de baixo. Uma década depois, em sua obra de 1978 Estado, Poder, Socialismo, Poulantzas mudou sua ênfase para defender o socialismo parlamentar e a social-democracia (ou “socialismo democrático”), insistindo na necessidade de manter grande parte do aparato estatal existente em qualquer transição para o socialismo. Isso contradizia diretamente as ênfases de Marx em A Guerra Civil na França e V. I. Lenin em O Estado e a Revolução sobre a necessidade de substituir o Estado capitalista da classe dominante por uma nova estrutura de comando político que emanasse de baixo.23 Influenciado pelos artigos de Sweezy sobre “A Classe Dominante Americana” e “Elite do Poder ou Classe Dominante?” na Monthly Review e por The Power Elite de Mills, na primeira edição de seu livro, Quem governa a América? em 1967, Domhoff promoveu uma análise explícita baseada em classe, mas, no entanto, indicou que preferia a “classe governante” mais neutra à “classe dominante” com base no fato de que “a noção de classe dominante” sugeria uma “visão marxista da história”.24 No entanto, na época em que escreveu Os poderes constituídos: processos de dominação da classe dominante na América, Domhoff, em 1978, influenciado pela atmosfera radical da época, passou a argumentar que “uma classe dominante é uma classe social privilegiada que é capaz de manter sua posição de topo na estrutura social”. A elite do poder foi redefinida como o “braço de liderança” da classe dominante.25 No entanto, essa integração explícita da classe dominante na análise de Domhoff durou pouco. Nas edições subsequentes de Quem governa a América?, até a oitava edição em 2022, ele se curvou à praticidade liberal e abandonou completamente o conceito de classe dominante. Em vez disso, seguiu Mills ao agrupar proprietários (“a classe social alta”) e gerentes na categoria de “ricos corporativos”.26 A elite do poder era vista como CEOs, diretores e conselhos de administração, sobrepondo-se em um diagrama de Venn com a classe social alta (que também consistia em socialites e jet setters), a comunidade corporativa e a rede de planejamento de políticas. Isso constituiu uma perspectiva conhecida como pesquisa de estrutura de poder. As noções de classe capitalista e classe dominante não eram mais encontradas. Um trabalho empírico e teórico mais significativo do que o oferecido por Domhoff, e em muitos aspectos mais pertinente hoje, foi escrito em 1962-1963 pelo economista soviético Stanislav Menshikov e traduzido para o inglês em 1969 sob o título Milionários e gerentes. Menshikov fez parte de um intercâmbio educacional de cientistas entre a União Soviética e os Estados Unidos em 1962. Ele visitou “o presidente do conselho, presidente e vice-presidentes de dezenas de corporações e de 13 dos 25 bancos comerciais” que tinham ativos de um bilhão de dólares ou mais. Ele se encontrou com Henry Ford II, Henry S. Morgan e David Rockefeller, entre outros.27 O tratamento empírico detalhado de Menshikov do controle financeiro das corporações nos Estados Unidos e do grupo ou classe dominante forneceu uma avaliação sólida do domínio contínuo dos capitalistas financeiros entre os muito ricos. Por meio de sua hegemonia sobre vários grupos financeiros, a oligarquia financeira se diferenciou dos meros gerentes de alto nível (diretores executivos) das burocracias financeiras corporativas. Embora houvesse o que poderia ser chamado de “bloco milionário-gerente” no sentido dos “ricos corporativos” de Mills e uma divisão do trabalho dentro da “própria classe dominante”, a “oligarquia financeira, isto é, o grupo de pessoas cujo poder econômico se baseia na disposição de massas colossais de capital fictício … [e] que é a base de todos os principais grupos financeiros”, e não os executivos corporativos como tal, tinham todo o controle. Além disso, o poder relativo da oligarquia financeira continuou a crescer, em vez de diminuir.28 Como na análise de Sweezy de “Grupos de Interesse na Economia Americana”, escrita para a Estrutura da Economia Americana do Comitê Nacional de Recursos durante o New Deal, a análise detalhada de Menshikov sobre os grupos corporativos na economia dos EUA capturou a base dinástica familiar contínua de grande parte da riqueza dos EUA.29 A oligarquia financeira dos EUA constituía uma classe dominante, mas que geralmente não governava diretamente ou livre de interferências. A “dominação econômica da oligarquia financeira”, escreveu Menshikov,
A oligarquia financeira, argumentou Menshikov, tinha como seus aliados menores em seu domínio político do Estado: gerentes corporativos; o alto escalão das forças armadas; políticos profissionais, que internalizaram as necessidades internas do sistema capitalista; e a elite branca que dominava o sistema de segregação racial no sul.31 Mas a própria oligarquia financeira era a força cada vez mais dominante. “A luta da oligarquia financeira pela administração direta do Estado é uma das tendências mais características do imperialismo americano nas últimas décadas”, resultante de seu crescente poder econômico e das necessidades que isso gerou. No entanto, este não foi um processo tranquilo. Os capitalistas financeiros nos Estados Unidos não agem “unidos” e estão divididos em facções concorrentes, enquanto são impedidos em suas tentativas de controlar o Estado pelas próprias complexidades do sistema político dos EUA, no qual diversos atores desempenham um papel.32 “Parece”, escreveu Menshikov,
No entanto, o extraordinário trabalho de Menshikov, Milionários e Gerentes, publicado na União Soviética, não teve influência na discussão da classe dominante nos Estados Unidos. A tendência geral, refletida nas mudanças de Domhoff (e na Europa pelas mudanças de Poulantzas), minimizou toda a ideia de uma classe dominante e até mesmo uma classe capitalista, substituída pelos conceitos de riqueza corporativa e elite do poder, produzindo o que era essencialmente uma forma de teoria da elite. A rejeição do conceito de classe dominante (ou mesmo de uma classe governante) no trabalho posterior de Domhoff coincidiu com a publicação de “The Ruling Class Does Not Rule”, de Block, que desempenhou um papel significativo no pensamento radical nos Estados Unidos. Escrevendo em uma época em que a eleição de Jimmy Carter como presidente parecia aos liberais e social-democratas apresentar a imagem de uma liderança distintamente mais moral e progressista em caráter, Block argumentou que não existia uma classe dominante com poder decisivo sobre a esfera política nos Estados Unidos e no capitalismo em geral. Ele atribuiu isso ao fato de que não apenas a classe capitalista, mas também “frações” separadas da classe capitalista (aqui se opondo a Poulantzas) careciam de consciência de classe e, portanto, eram incapazes de agir em seus próprios interesses na esfera política, muito menos governar o corpo político. Em vez disso, ele adotou uma abordagem “estruturalista” baseada na noção de racionalização de Max Weber, na qual o Estado racionalizou os papéis de três atores concorrentes: (1) capitalistas, (2) gerentes (gestores?) estatais e (3) a classe trabalhadora. A autonomia relativa do Estado na sociedade capitalista era uma função de seu papel como árbitro neutro, no qual várias forças interferiam, mas nenhuma governava.34 Atacando aqueles que argumentavam que a classe capitalista tinha um papel dominante dentro do Estado, Block escreveu: “a maneira de formular uma crítica do instrumentalismo que não entra em colapso é rejeitar a ideia de uma classe dominante com consciência de classe”, uma vez que uma classe capitalista com consciência de classe se esforçaria para governar. Embora ele tenha notado que Marx utilizou a noção de uma classe dominante com consciência de classe, isso foi descartado como apenas uma “abreviação política” para determinações estruturais. Block deixou claro que quando radicais como ele optam por criticar a noção de uma classe dominante, eles “geralmente o fazem para justificar a política socialista reformista”. Nesse espírito, ele insistiu que a classe capitalista não governava intencionalmente, de maneira consciente, o Estado por meios internos ou externos. Em vez disso, a limitação estrutural da “confiança empresarial”, exemplificada pelos altos e baixos do mercado de ações, garantiu que o sistema político permanecesse em equilíbrio com a economia, exigindo que os atores políticos adotassem meios racionais para garantir a estabilidade econômica. A racionalização do capitalismo pelo Estado, na visão “estruturalista” de Block, abriu assim o caminho para uma política social-democrata do Estado.35 O que está claro é que, no final da década de 1970, os pensadores marxistas ocidentais abandonaram quase inteiramente a noção de uma classe dominante, concebendo o Estado não apenas como relativamente autônomo, mas de fato amplamente autônomo do poder de classe do capital. Isso fazia parte de um “recuo de classe” geral.36 Na Grã-Bretanha, Geoff Hodgson escreveu em seu The Democratic Economy: A New Look at Planning, Markets and Power em 1984, que “a própria ideia de uma ‘decisão’ de classe deve ser desafiada. No máximo, é uma metáfora fraca e enganosa. É possível falar de uma classe dominante em uma sociedade, mas apenas em virtude do domínio de um tipo particular de estrutura econômica. Dizer que uma classe ‘governa’ é dizer muito mais. É implicar que está de alguma forma implantada no aparato do governo. Era crucial, afirmou ele, abandonar a noção marxista que associava “diferentes modos de produção a diferentes ‘classes dominantes'”.37 Como os posteriores Poulantzas e Block, Hodgson adotou uma posição social-democrata que não via nenhuma contradição final entre a democracia parlamentar como ela havia surgido dentro do capitalismo e a transição para o socialismo. | A A |
| OUTRAS PALAVRAS |
Portal Membro desde 13/12/2024 Segmento: Notícias Premiações: |
A A | Como romper os muros da ciência do Norte Global?Solução para o desafio de integrar o Brasil ao debate acadêmico internacional não deve ser mais subalternidade aos grandes centros de pesquisa. Como estimular as necessárias trocas entre países da periferia do capitalismo? BRICS podem ter papel de liderança nesse cenário Por Marilia Sá Carvalho, Luciana Dias de Lima e Luciana Correia Alves, da Cadernos de Saúde Pública Título original: Internacionalização da publicação científica em um mundo multipolar A internacionalização dos periódicos brasileiros vem sendo debatida amplamente e se apresenta como um elemento importante para o fortalecimento da ciência nacional e sua integração ao debate acadêmico em todo o mundo. De forma geral, a internacionalização refere-se ao processo de inserção de revistas, pesquisadores e instituições em circuitos globais de produção, disseminação e avaliação científica. Isso envolve a colaboração entre autores de diferentes países, a presença em bases de dados internacionais e o cumprimento de critérios de qualidade estabelecidos por organismos globais. Entretanto, frequentemente apresentada como um caminho para promover visibilidade e trocas necessárias, o debate da internacionalização carrega uma série de contradições, especialmente quando observada a partir da perspectiva dos países com menor inserção nos circuitos tradicionais da ciência internacional. Não sem razão, apesar do avanço substancial do Brasil nos últimos anos, ainda é um desafio para o país posicionar suas revistas e respectivas publicações no conjunto dos principais periódicos do mundo. Em uma vertente mais pragmática, alguns autores apontam os entraves e as estratégias possíveis para ampliação do impacto internacional das publicações brasileiras¹,². Entre as limitações, está a barreira linguística enfrentada por pesquisadores de países não-anglófonos³. SciELO, a grande biblioteca digital de acesso aberto que reúne periódicos científicos de diversos países, sustenta a publicação de artigos em inglês como indispensável ao aumento de citações e dos indicadores de impacto, de forma a ampliar o reconhecimento e a visibilidade das pesquisas e autores à comunidade internacional⁴. Também a baixa diversidade geográfica da composição dos conselhos editoriais, de autores e de revisores é um aspecto que desafia as revistas brasileiras. O corpo editorial de muitas revistas é majoritariamente restrito ao país, o que limita a inserção internacional e o reconhecimento externo. Por sua vez, autores de países centrais somente publicam no Brasil artigos feitos em parceria com autores nativos ou da América Latina. Outra vertente desse debate questiona o que se entende por internacionalização da ciência e das revistas científicas⁵. Cadernos de Saúde Pública já abordou essa questão em outros fóruns⁶, mas é bom lembrar que apenas seis conglomerados controlam o mercado editorial científico, com margens de lucro espantosas⁷. O acesso aberto, associado à internacionalização, é viabilizado por meio de taxas cobradas dos autores, agências de financiamento e instituições. Estima-se que cientistas tenham desembolsado mais de US$ 1 bilhão em quatro anos para publicar em acesso aberto nesses veículos. Essa concentração e o alto custo dificultam a inserção de periódicos e pesquisadores de países com menos recursos, comprometendo uma internacionalização mais equitativa e inclusiva. O Portal de Periódicos CAPES, criado em 2000, trouxe acesso aos artigos de mais de 50 mil revistas científicas para cerca de 500 instituições brasileiras, garantindo o acesso ao conhecimento que é produzido no exterior, nos países centrais principalmente. Recentemente, a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) assinou acordos transformativos com editoras comerciais, garantindo o pagamento das taxas de processamento de artigos (article processing charges – APC). O objetivo é facilitar a transição do acesso por assinatura ao modelo de acesso aberto, o que se justifica por dar maior visibilidade à produção científica e tecnológica nacional. Além disso, a publicação nessas revistas deixará de ser possível somente para os pesquisadores que têm bons financiamentos de projetos, democratizando a publicação. Entretanto, a estratégia de pagar APC para publicar no exterior busca internacionalizar a ciência brasileira e, simultaneamente, transfere volumes expressivos de recursos do país para fora. Em 2025, o contrato da CAPES com a editora Wiley custou US$ 8,3 milhões (dado obtido via Lei de Acesso à Informação, protocolo 23546.018379/2025-17). Em comparação, o edital CNPq/CAPES de 2024 destinou apenas R$ 6 milhões para apoiar 272 periódicos nacionais, o que corresponde a uma média de R$ 22.000 por revista. Os acordos transformativos combinam internacionalização receptiva, na qual se lê o que está sendo produzido no exterior, e exportadora, que busca divulgar a ciência produzida localmente. Ambos os processos são inerentes a um mundo unipolar, no qual o Sul Global está, por definição, em posição subalterna⁸. O chamado Sul Global é composto por países tão diversos como Brasil, Índia, África do Sul, México, Nigéria, Argentina, Indonésia e outros da América Latina, África e partes da Ásia. Trata-se de uma categoria geopolítica e epistemológica que abrange nações historicamente marginalizadas nos fluxos internacionais de ciência, tecnologia e inovação. Em contraposição, o Norte Global inclui países como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, Canadá, Japão, entre outros, que concentram os principais centros de pesquisa, editam a maior parte dos periódicos de alto fator de impacto e definem os parâmetros de excelência científica em escala mundial. Nesse contexto, a internacionalização muitas vezes se configura como uma via de mão única, marcada pela subalternidade do conhecimento produzido no Sul Global. Essa subalternidade não é apenas econômica ou tecnológica. Ela se manifesta na validação desigual de saberes, na imposição de normas de publicação, e na ideia implícita de que a ciência feita nos países centrais é universal, enquanto a produzida na periferia é local, contextual e, por vezes, irrelevante para os grandes debates científicos. Isso cria uma hierarquia de conhecimentos, na qual as experiências, problemas e soluções originadas no Sul são invisibilizadas ou consideradas menos legítimas, a menos que sejam filtradas, traduzidas (inclusive simbolicamente) e aceitas por instituições do Norte. Na Saúde Coletiva/Saúde Pública essa dinâmica tem consequências graves. Práticas e políticas exitosas, como a Estratégia Saúde da Família, muitas vezes não ganham a devida visibilidade global porque são vistas como respostas locais a problemas “regionais”, e não como inovações com potencial de contribuição universal. O resultado é que saberes produzidos em diálogo com realidades complexas, deixam de circular amplamente, enquanto se reforça um modelo de ciência unidirecional, centrado nos países mais ricos e nas grandes editoras internacionais. Por isso, argumentamos que é necessário rever o sentido da palavra “internacionalização” no campo da publicação científica. Certamente as revistas do Norte Global são internacionalizadas, ou podemos dizer internacionais, mesmo quando no seu nome levam a palavra American. Nesse caso, a revista é internacional por seu papel de concentração de submissões de artigos de todo o mundo, com hegemonia científica desses países e drenagem de recursos que poderiam ser aplicados na produção do conhecimento em si. Mas queremos uma internacionalização ou múltiplas internacionalizações⁶,⁹? Neste Editorial, procuramos problematizar a internacionalização entendendo-a como um processo com perspectivas distintas. Levar o conhecimento produzido em um país para outros, seja publicando ou incorporando-o às pesquisas desenvolvidas em diversos países, é desejável e necessário. Entendemos a ciência, nas diversas áreas do conhecimento, como um bem público universal. Mas para quem e como levar artigos sobre temas certamente relevantes no cenário nacional para outras realidades que também se beneficiariam desse conhecimento? Pagando APCs? Publicando em inglês¹⁰? Internacionalização assim, não é uma via de mão dupla, com espaço nos dois sentidos. À medida em que emergem novos polos científicos, a internacionalização não é mais sinônimo da relação com países do hemisfério Norte. O próprio SciELO, pioneiro no acesso aberto, reúne periódicos de 15 países (informação atualizada em 23 de fevereiro de 2025), com 127 revistas no campo das Ciências da Saúde. O acesso à publicação científica, no qual nem autor nem leitor pagam, denominado “acesso aberto diamante”, é essencial para a democratização da ciência, garantindo o acesso livre a leitores e autores de qualquer parte do mundo, e deve ser sustentado por instituições e associações sem finalidade lucrativa, como afirmamos em editorial anterior³. O papel dos BRICS na liderança de um mundo multipolar pode ser um grande estímulo para a comunicação da ciência produzida em países periféricos, para além da antiga participação como local de coleta de dados. O que é possível para ampliar a internacionalização da publicação científica em contexto de multipolaridade? Analisar a forma como se dá esse processo de internacionalização, tanto considerando as redes de colaboração quanto o local de publicação, é a tarefa que está colocada para construir um modelo multipolar da publicação científica. Mais do que ocupar rankings, trata-se de garantir que o conhecimento produzido no Brasil possa circular, ser reconhecido e contribuir efetivamente para a ciência global. A ciência é um patrimônio coletivo de todos os povos, culturas e territórios. Assim, os caminhos da internacionalização devem servir para ampliar o acesso, a diversidade e a relevância do conhecimento, e não para reproduzir assimetrias geopolíticas ou epistemológicas. Nem uma única história¹¹, como fala Chimamanda Ngozi Adichie, nem uma ciência limitada a uma só visão de mundo. | A A |
| OUTRAS PALAVRAS |
Portal Membro desde 13/12/2024 Segmento: Notícias Premiações: |
A A | Neofascismo à moda americanaCartografia de um movimento que antecede Trump e vai além dele. Os think-tanks e fundações que o alimentam. Seu delírio: extirpar o “marxismo cultural”. Objetivo: aliança em que os rentistas usam a baixa classe média e a abandonam em seguida Uma semana após a posse de Donald Trump em 20 de janeiro de 2025 em seu segundo mandato como presidente dos EUA, Matthew J. Vaeth, diretor interino do Escritório de Administração e Orçamento (OMB), emitiu um memorando aos departamentos e agências federais ordenando uma pausa temporária nos gastos com agências, subsídios e empréstimos e assistência financeira em todo o governo federal. Este foi o tiro inaugural do que a direita chamou de “Guerra Fria Civil “.1 A ordem de congelamento geral dos gastos civis federais foi provavelmente escrita pelo novo diretor do OMB em 2025, Russell Vought, que à época aguardava confirmação do Congresso. Para Vought, “a dura realidade na América é que estamos nos estágios finais de uma completa tomada marxista do país” e que esses inimigos “já possuem as armas do aparato governamental”, que “eles apontaram … para nós.”2 Vought chefiou o OMB durante o primeiro governo Trump e foi um dos principais arquitetos do Projeto 2025, o plano para a transição para um novo executivo absolutista, publicado em 2022 pela Heritage Foundation, de direita.3 Ele escreveu o capítulo sobre o “Gabinete Executivo do Presidente dos Estados Unidos” para o Projeto 2025 e fundou o Center for Renewing America, um ramo ativo do Projeto 2025, que foi encarregado de redigir centenas de ordens executivas com antecedência para serem implementadas imediatamente após a ascensão de Trump à Casa Branca. O Projeto 2025 incluía planos para fechar departamentos federais inteiros, cortar maciçamente a força de trabalho federal e reduzir de forma drástica os gastos federais, forçando estados, governos locais, universidades e a mídia a se alinharem com os ditames do regime de Trump.4 A ordem do OMB, de congelar os gastos do governo civil federal, afetou os gastos que no ano fiscal de 2024 totalizaram cerca de US$ 3 trilhões, enviando ondas de choque por todo o país. Em 31 de janeiro de 2025, o juiz-chefe John J. McConnell Jr., do Distrito de Rhode Island dos Estados Unidos, emitiu uma ordem de restrição temporária das ações do OMB. Em resposta, o OMB cancelou seu memorando. No entanto, o governo Trump, aderindo à “teoria do represamento” que afirmava que o Poder Executivo tinha o poder de não aplicar fundos alocados pelo Congresso, recusou-se a cumprir integralmente a ordem judicial de McConnell. A decisão subsequente do Tribunal de Apelações dos EUA para o Primeiro Circuito, que apoiou a decisão de McConnell, apontou para uma crise constitucional iminente. Figuras importantes do movimento Make America Great Again (MAGA) formularam antecipadamente estratégias justificando que o presidente pode fechar departamentos e bloquear gastos autorizados pelo Congresso, ignorando os tribunais, com base no poder absoluto do executivo e na proposição de que tudo o que o presidente faz é legal. Se necessário, pode declarar estado de emergência, suspendendo os direitos constitucionais.5 O Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) de Elon Musk atropelou o governo federal, aparentemente com poderes para assumir e fechar agências inteiras à sua vontade. Enquanto isso, o governo Trump afirma ter poder total sobre as agências reguladoras independentes dentro do governo federal, como a Federal Trade Commission, o National Labor Relations Board, a Federal Communications Commission e até mesmo o Federal Reserve Board, com base na que é chamada de “autoridade executiva unitária”, uma teoria constitucional controversa.6 Se a ordem do OMB e as ações do DOGE de Musk criaram um pântano legal, a intenção ideológica das ações do governo Trump era, no entanto, bastante clara. De acordo com o memorando Vaeth / Vought, o objetivo do congelamento dos gastos federais do governo era acabar com o “woke” e a instrumentalização do governo, opondo-se ao “uso de recursos federais para promover a equidade marxista, o transgenerismo e as políticas de engenharia social do green new deal”. O congelamento inicial, ou “pausa” nos gastos, foi projetado para permitir que o governo identificasse os gastos dedicados a “DEI [programas de diversidade, equidade e inclusão], ideologia de gênero “woke” e o green new deal“, juntamente com gastos com ajuda externa, que foram considerados usos fraudulentos de recursos federais.7 Na ideologia de direita, a categoria abrangente é o “Marxismo Cultural”, que é visto como incluindo a defesa da teoria crítica da raça (CRT); iniciativas ambientais, sociais e de governança (ESG); DEI; direitos LGBTQ+; ações de mudança climática; fronteiras abertas; assistência médica universal; e energia verde.8 Este ataque ao chamado Marxismo Cultural estava de acordo com a Agenda 47 da campanha Trump e J.D. Vance, que visava “remover todos os burocratas marxistas de diversidade, equidade e inclusão” e perseguir os “maníacos marxistas que infectam instituições educacionais”.9 A lógica geral por trás desses movimentos foi fornecida por outro documento da Heritage Foundation, também publicado em 2022, intitulado Como o marxismo cultural ameaça os Estados Unidos – e como os americanos podem combatê-lo, de Mike Gonzalez e Katharine C. Gorka, que escreveram NextGen Marxism: What It Is and How to Combat It (2024).10 O Marxismo Cultural, que segundo a direita MAGA permeia as universidades e o Estado, assim como penetra as corporações, é visto como tendo sua gênese nos Cadernos do Cárcere, de Antonio Gramsci, que rompeu com o economicismo do marxismo clássico. Nessa visão distorcida, o novo “marxismo cultural” foi levado adiante por marxistas da Escola de Frankfurt como Max Horkheimer, Theodor Adorno, Herbert Marcuse e Erich Fromm. Recebeu mais tarde uma conceituação mais ampla por pós-modernistas como Michel Foucault, que levaram, em última instância, à teoria feminista radical e à CRT. O trabalho de Gonzalez e Gorka não demonstra a menor atenção à pesquisa acadêmica genuína. Seu objetivo não é promover a investigação intelectual, mas sim um Novo Macarthismo. Em seu livro, eles afirmam que Joseph McCarthy, na caça às bruxas anticomunista da década de 1950, realizou um “trabalho importante”, mas cometeu o erro de fazer acusações que “não pôde comprovar”. Na Guerra Fria Civil de hoje, sugere-se que o macarthismo precisa ser ressuscitado em bases mais sólidas para não cometer os erros do passado – embora, na verdade, o Novo Macarthismo seja tão desprovido de substância quanto seu antecessor dos anos 1950.11 A ideologia MAGA que agora está abrigada na Casa Branca, e que também avançou em grande medida para os tribunais e o Congresso, tem pouco a ver com o próprio Trump, para quem serviu como uma arma conveniente em sua ascensão ao poder. Sua base material pode ser encontrada, em vez disso, no crescimento de um movimento neofascista mais amplo, que, como todos os movimentos do gênero fascista, está enraizado em uma tênue aliança entre setores da classe dominante capitalista monopolista no topo da sociedade e muito abaixo um exército mobilizado de adeptos da classe média baixa. Estes últimos veem como seus principais inimigos não os escalões superiores da classe capitalista, mas os profissionais da classe média alta imediatamente acima deles e a classe trabalhadora abaixo deles.12 A classe média baixa, principalmente branca, se articula com as populações rurais e adeptos do fundamentalismo religioso ou evangélico, formando um bloco histórico revanchista de direita. A atual mobilização da classe média baixa pela direita do capital monopolista, particularmente os representantes dos interesses tecnológicos, financeiros e petrolíferos, visa inicialmente desmantelar o atual “Estado administrativo”, substituindo-o por um mais propício a um projeto neofascista. No entanto, no processo, uma lacuna política cada vez maior já está se abrindo entre os governantes bilionários em cima e seu exército MAGA embaixo, entre diferentes elementos dentro do movimento evangélico e entre aqueles que apoiam uma ditadura política e aqueles que desejam manter as formas constitucionais liberal-democráticas.13 Em consonância com todos os movimentos do gênero fascista, o atual regime inevitavelmente trairá os apoiadores de massa do MAGA na direita radical, buscando relegá-los a um papel cada vez mais subserviente e controlado e negando quaisquer políticas em conflito fundamental com seus objetivos capitalistas-imperiais. No entanto, surgiu uma massa de think tanks e influenciadores que buscam racionalizar o irracional, utilizando-se dos elementos ideológicos que atraem uma classe média baixa branca, mas, em última análise, atendendo às necessidades da classe capitalista bilionária. Compreender a base desse novo irracionalismo e as formas de domínio de classe associadas a ele é crucial na luta contra-hegemônica por um futuro democrático, igualitário e sustentável – e, portanto, socialista – para a humanidade como um todo. A ideologia neofascista do MAGA “O antônimo de fascismo”, escreveu o economista marxista Paul M. Sweezy em 1952, “é a democracia burguesa, não o feudalismo ou o socialismo. O fascismo é uma das formas políticas que o capitalismo pode assumir na fase monopolista do imperialismo.”14 Na definição clássica originada com os teóricos marxistas – e empregada, como no caso do Behemoth: The Structure and Practice of National Socialism, de Franz Neumann, nos julgamentos de Nuremberg – esses movimentos e regimes pertencentes ao gênero fascista têm seus fundamentos materiais em uma tênue aliança entre o capital monopolista e uma pequena burguesia ou classe média baixa mobilizada. Estes últimos foram referidos por C. Wright Mills como os “guarda-costas” do sistema capitalista devido à sua ideologia geralmente regressiva, um produto de sua posição de classe contraditória.15 Essa mobilização da classe/estrato média e baixa instigada por setores do capital monopolista ocorre quando os escalões superiores da sociedade se veem ameaçados por uma variedade de fatores internos e externos que colocam em risco sua hegemonia. Isso leva a ataques ao Estado democrático liberal e à tomada do poder do Estado por um setor da classe dominante, apoiado por um exército de adeptos de baixo – muitas vezes inicialmente por meios legais, mas logo cruzando as fronteiras constitucionais. O poder está concentrado nas mãos de um líder, um duce ou führer, por trás de quem estão os gigantescos interesses capitalistas. A chave para o governo fascista, uma vez que ganha sua ascendência sobre o Estado, é a privatização de grandes partes do governo favorecendo o capital monopolista, um conceito articulado pela primeira vez em relação à Alemanha de Adolf Hitler.16 Isso é acompanhado por extrema repressão de segmentos inferiores da população, muitas vezes como bodes expiatórios. Tais movimentos inevitavelmente buscam garantir seu domínio ideológico, ganhando o controle de todo o aparato cultural da sociedade em um processo que os nazistas chamaram de Gleichschalthung, ou alinhamento. Essa compreensão geral do fascismo foi dominante nas décadas de 1930 e 40, estendendo-se até o final do século XX. No entanto, o fascismo, como formação política, acabou sendo reinterpretado no discurso liberal em termos idealistas como uma ideologia pura, conceitualmente dissociada de seus fundamentos de classe e materialistas e reduzida à sua forma externa como racismo extremo, nacionalismo, revanchismo e o crescimento de personalidades autoritárias, todos vistos como desconectados do próprio capitalismo. Muito disso estava de fato implícito na crítica ao “totalitarismo” desenvolvida por figuras da Guerra Fria como Hannah Arendt, que apresentava o fascismo como um sistema extremo à direita conceitualmente divorciado do capitalismo, e antônimo do comunismo à esquerda.17 O fascismo, portanto, foi reinterpretado na ideologia hegemônica como uma forma de autoritarismo / totalitarismo violento e afastado do capitalismo, que foi então identificado exclusivamente com a democracia liberal. Sem quaisquer fundamentos histórico-materiais reais e ignorando as realidades de classe, tais reformulações foram meros meios de escorar a própria noção de capitalismo e se mostraram inúteis nas tentativas de entender o ressurgimento das forças fascistas e neofascistas em nosso tempo. Ao abordar o neofascismo atual, é crucial vê-lo como um produto das relações materiais/de classe/imperiais do capitalismo tardio, que não deve ser entendido simplesmente em termos de suas formas externas “populistas”, hiperrracistas, hipermisóginas ou hipernacionalistas, mas sim em termos de uma crítica substantiva baseada em classes.18 O fascismo é sempre um ataque à democracia liberal e a sua substituição pelo tacão de ferro de uma ordem política na qual reina o capital financeiro monopolista. Sua ideologia revanchista não surge principalmente do próprio capital monopolista, mas é principalmente um mecanismo para a mobilização de forças de direita retiradas predominantemente da classe média baixa, alistando um exército de tropas de assalto (“stormtroopers”) reais ou futuros (vestindo camisas pretas, camisas marrons ou bonés MAGA) e fornecendo a justificativa para o desmantelamento do estado liberal-democrático. Embora sejam as reais forças de classe material, e não a ideologia desencarnada, que devem ser levadas em consideração em primeiro plano, é verdade que as ideias, uma vez que surgem, podem se tornar forças materiais. “A ideologia”, escreveu Georg Lukács, é “a forma mais elevada de consciência [de classe]”.19 Se quisermos entender a natureza do regime emergente do MAGA, temos que explorar sua ideologia governante e suas formas de organização política. Muito pouco disso, deve-se ressaltar, emana do próprio Trump, que é frequentemente descrito dentro do movimento MAGA como um instrumento um tanto defeituoso, embora útil, da nova ordem.20 Apesar de sua importância na publicação do Projeto 2025, o principal “think tank” do movimento Trump não é a Heritage Foundation, mas sim o Claremont Institute, fundado em 1979 em Upland, Califórnia. O Instituto Claremont foi originalmente uma base para o pensamento straussiano (derivado do teórico político ultraconservador Leo Strauss), mas evoluiu para ser o centro nervoso do MAGA. Seu financiamento vem de megadoadores, incluindo o Thomas D. Klingenstein Fund (um fundo multibilionário administrado pelo banqueiro de investimentos Thomas D. Klingenstein, presidente do conselho do Claremont Institute), a Fundação Dick e Betsy DeVos (administrada pela bilionária ex-secretária de educação de Trump, Betsy DeVos), a ultraconservadora Fundação Lynde e Harry Bradley e a Fundação Sarah Scaife.21 Suas duas principais publicações são The American Mind e Claremont Review of Books. O Instituto também tem uma filial adicional, o Claremont Institute Center for the American Way of Life, localizado em Washington, DC, em frente ao Capitólio. Acadêmicos e especialistas associados ao Claremont Institute dominam o Hillsdale College, em Michigan. Hillsdale publica Imprimis, essencialmente uma publicação MAGA do Claremont Institute. O Instituto oferece várias bolsas, incluindo a Lincoln Fellowship. Seu site rastreia o chamado “financiamento BLM” (referindo-se ao movimento Black Lives Matter, ou BLM) por corporações, alegando, por cálculos extremamente questionáveis, que 82,9 bilhões de dólares foram direcionados por corporações para a causa CRT / Woke / Marxista Cultural. Como na ideologia MAGA em geral, as corporações são condenadas como moralmente corruptas por dar lugar ao Marxismo Cultural, mas raramente são criticadas economicamente. Isso é consistente com toda a história da ideologia pequeno-burguesa, refletida nos escritos do século XIX de figuras célebres como Thomas Carlyle e Friedrich Nietzsche, cujas manifestações ideológicas, como observou Lukács, refletiam “uma tendência dupla contraditória” de uma “crítica da falta de cultura capitalista”, ao mesmo tempo em que apoiavam uma ordem “localizada no capitalismo”.22 Em 2019, Trump concedeu ao Instituto Claremont a Medalha Nacional de Humanidades. Em 6 de janeiro de 2021, o advogado John Eastman, membro do conselho do Claremont Institute (onde permanece até hoje), apoiado por outros associados desta instituição, desempenhou o papel principal na organização do ataque MAGA ao Capitólio em Washington, DC. Ele também escreveu os memorandos principais direcionados a pressionar o vice-presidente Mike Pence a invalidar a eleição de 2020 na tentativa de reverter a derrota de Trump para Joe Biden. Tudo isso rendeu a Claremont a reputação de “cérebro confiável” da tentativa de golpe de 6 de janeiro.23 O Instituto Claremont se tornaria o principal íncubo intelectual de Trump II. Mais de uma dúzia de especialistas associados à Claremont e ex-bolsistas da Claremont aparecem regularmente na Fox News. Isso inclui, além de Eastman, luminares como Michael Anton, membro sênior da Claremont e um nomeado para posição de alto nível do Departamento de Estado de Trump; Christopher Caldwell, editor colaborador da Claremont Review of Books e comentarista da supremacia branca; Brian T. Kennedy, ex-presidente da Claremont e atual membro do conselho e presidente do Comitê sobre o Perigo Presente, que promove um novo macarthismo; Charles R. Kesler, editor da Claremont Review of Books e principal proponente de uma “Guerra Fria Civil “; Charlie Kirk, ex-Claremont Lincoln Fellow e fundador/CEO da Turning Point USA (TPUSA), com sua “Lista de Observação de Professores” e seu ramo evangélico, TPUSA Faith; John Marini, membro sênior da Claremont e principal crítico intelectual de direita do “Estado administrativo”; e Christopher F. Rufo, ex-Claremont Lincoln Fellow e notório especialista anti-CRT. Anton, ex-diretor-gerente de investimentos da BlackRock e atualmente pesquisador sênior do Claremont Institute, atuou como vice-assistente do presidente e vice-conselheiro de segurança nacional para comunicação estratégica no Conselho de Segurança Nacional no primeiro governo de Trump.24 Ele agora é diretor de planejamento de políticas no Departamento de Estado dos EUA, sob Marco Rubio. Foi Anton, mais do que qualquer outra figura, que conectou o Instituto Claremont ao MAGA e à extrema direita alternativa (“alt-right”). Seu artigo de 2016 na Claremont Review of Books “The Flight 93 Election” – usando a metáfora dos passageiros que correram para a cabine de comando no voo do atentado terrorista em 11 de setembro de 2001 – se tornaria viral e desempenhou um papel importante na mobilização de apoio militante para a campanha de Trump. Nele, Anton declarou que a eleição de 2016 era uma “eleição de correr para a cabine de comando ou morrer”, na qual “você pode morrer de qualquer maneira” na tentativa, mas que na hipótese de Hillary Clinton ser eleita, “a morte é certa”. Embora a narrativa fosse desconexa, incoerente e ilógica, a metáfora pegou, catapultando Anton para o status de celebridade de direita e levou à sua nomeação para o Conselho de Segurança Nacional de Trump com o apoio do bilionário de tecnologia de direita Peter Thiel.25 Em 2019, Anton publicou Após a eleição do voo 93 … E o que ainda temos a perder, que enfatizou a necessidade de uma guerra contra toda a esquerda, ganhando elogios de Trump. Isso foi seguido em 2020 por seu livro, The Stakes: America at the Point of No Return, no qual ele propôs que a imigração deveria idealmente ser interrompida por completo, enquanto a cidadania por direito de solo (cidadania em virtude de simplesmente ter nascido nos Estados Unidos, mesmo que não seja de pais cidadãos americanos) deve cessar imediatamente. A China era o principal inimigo, enquanto a paz deveria ser feita com a Rússia. Esta última, explicou Anton, pertencia à mesma “‘seita’ civilizacional” dos Estados Unidos e da Europa, “de uma forma que a China nunca seria”. O livro de Anton, The Stakes, no entanto, é mais conhecido por sua defesa explícita de um “cesarismo vermelho [isto é, republicano ou de direita]”, no qual a presidência se tornaria uma “forma de monarquia absoluta” ou “governo de um homem só” exibindo amplo apoio popular – uma posição que foi seguida imediatamente depois em seu livro com a exortação para “reeleger Trump!” Somente quando eleito Trump se declararia César.26 Em uma resenha sobre “Draining the Swamp” na Claremont Review of Books, Anton popularizou o livro de Marini Unmasking the Administrative State. A análise de Marini é vista como uma validação da versão conservadora de Alexandre Kojève da filosofia idealista alemã de G. W. F. Hegel, que na visão de direita é vista como uma justificativa para o governo burguês autocrático como o fim da história. Aplicados às instituições contemporâneas, as autoridades burocráticas do Estado administrativo devem ser vistos como a “classe dominante”. Marini e Anton, portanto, argumentam que é necessário que Trump esmague o Estado administrativo e o substitua por um governo mais centralizado. Essas mesmas opiniões levaram o juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos, Clarence Thomas, que em um estágio anterior de sua carreira havia empregado Marini como assistente especial, a exclamar “Devemos ler Marini !!”27 Anton declarou que, para vencer, “precisamos de blogueiros, criadores de memes, trolls do Twitter, artistas de rua, comediantes, propagandistas, teólogos, dramaturgos, ensaístas, romancistas, jornalistas e relações públicas desonestos (“hacks, flacks”), e intelectuais” – bem como Trump e capitalistas de pensamento de direita.28 Seu ato mais iconoclasta dentro do próprio Instituto Claremont foi escrever um artigo sobre o propagandista nietzscheano-fascista da extrema direita alternativa Perverso da Idade do Bronze (conhecido como BAP, agora revelado como o romeno-americano Costin Vlad Alamariu, que recebeu um PhD de Yale), o autor de Mentalidade da Idade do Bronze. O papel de Anton, em um artigo de 2019 da Claremont Review of Books intitulado “Are the Kids Al(t) Right?“, foi trazer o BAP/Alamariu para o mainstream do MAGA em um esforço para atrair jovens brancos desencantados para o movimento neofascista. Observando que o BAP forneceu em sua publicação Mentalidade da Idade do Bronze um “pastiche simplificado de Friedrich Nietzsche”, que “quebrou o top 150 na Amazon – não, veja bem, em alguma categoria dentro da Amazon, mas no site como um todo“, Anton argumentou que representava uma oportunidade para a direita do MAGA dominar o discurso da juventude underground. O BAP caracterizou as elites liberais, os intelectuais, os pensadores de esquerda e a população em geral como “homens-insetos”, sem heroísmo, semelhante ao “Último Homem” de Nietzsche. Os seres humanos em geral foram retratados como pertencentes à vida de mero “fermento”. A solução estava no fisiculturismo masculino por meio do levantamento de peso e no cultivo da imagem dos heróis gregos da Idade do Bronze. BAP é um supremacista branco, enfatizando a pureza ariana e ataques vis a diversas populações em todos os lugares. Como o próprio Anton admitiu, “as objeções mais fortes e fáceis de fazer à Bronze Age Mindset é que ela é ‘racista’, ‘antissemita’, ‘antidemocrática’, ‘misógina’ e ‘homofóbica'”, tornando-a mais “ultrajante” do que Nietzsche. No entanto, ele finge que o BAP é “mais gentil” do que pensadores como Karl “Marx, [V. I.] Lenin, Mao [Zedong]… [Che] Guevara, [Saul] Alinsky e Foucault, ou dos numerosos fanáticos cujos discursos são ensinados nas universidades de elite. No final, Anton ressaltou a importância dos ataques do BAP aos “homens-insetos” e aos “tempos de insetos”, incorporando seus pontos de vista dentro do MAGA.29 Um estudo do próprio Bronze Age Mindset revela referências venenosas às “favelas do Terceiro Mundo de Bosta (Turd World, no original inglês) e ataca, citando Nietzsche, “modos de vida pré-arianos, o retorno do socialismo, da maloca, do feminismo” e “seitas marxistas satânicas”. O general ateniense Alcibíades, os conquistadores Hernán Cortés e Francisco Pizarro, Napoleão Bonaparte, Theodore Roosevelt, Alfredo Stroessner (ex-ditador do Paraguai) e, especialmente, Bob Denard (um brutal mercenário francês do século XX ativo no Congo e nas Ilhas Comores) são os modelos do BAP do retorno aos tempos modernos dos humanos arianos da Idade do Bronze. O presidente favorito do BAP, antes de Trump, é James K. Polk, que lançou a Guerra Mexicano-Americana. A “população branca” nos Estados Unidos, escreve ele, tomou o México “por seu valor”. O feminismo é visto como uma abominação. “Nada tão ridículo quanto a libertação das mulheres”, declara BAP / Alamariu, “já foi tentado na história da humanidade”, que ele descreve como uma tentativa de “retornar ao matriarcado pré-ariano”. Ele acrescenta: “A justiça social é um parasitismo nojento”. As cidades de hoje, sujeitas a ondas de imigrantes, são “povoadas por hordas de zumbis parecidos com anões que são importados para trabalho escravo e agitação política das latrinas varridas por moscas do mundo”. Ele afirma abertamente: “Eu acredito no fascismo ou em algo pior”. Por todas essas razões, de acordo com o BAP, Trump deve ser apoiado em sua conquista do governo. “O Leviatã” do Estado administrativo dominado pelos “homens-insetos”, ele insiste, deve ser esmagado para criar uma nova “ordem primordial”. Com o apoio de Anton e outros, BAP foi reconhecido como uma espécie de influenciador nietzscheano do submundo por trás do movimento MAGA, atraente para homens brancos jovens e regressivos. Ele se tornaria uma leitura virtualmente obrigatória para jovens funcionários brancos no primeiro governo Trump.30 Anton foi encorajado a ler BAP pelo autodenominado pensador do “Iluminismo Sombrio” Curtis Yarvin, um neofascista próximo a Anton e Vance (o herdeiro aparente do MAGA). Como Vance e Anton, Yarvin é fortemente apoiado por Thiel, bilionário do Vale do Silício. Yarvin também é abertamente admirado pelo conselheiro de Trump e capitalista de risco do Vale do Silício, Marc Andreessen, por suas visões antidemocráticas. Vance chama Yarvin, a quem ele também se referiu em brincadeiras amigáveis como um “fascista”, de “minha influência política número um”. No mundo MAGA, Yarvin continua sendo uma figura sombria, apesar do fato de ter articulado as estratégias mais reacionárias do regime de Trump. Ele é um ex-programador de computador e blogueiro de direita, escrevendo sob o pseudônimo de Mencius Moldbug e defensor de um “Iluminismo Sombrio” ou movimento neorreacionário (“NRx”). Tucker Carlson dedicou um programa inteiro para entrevistar Yarvin em 2021. Ele é mais conhecido por seus argumentos antidemocráticos e sua insistência de que o presidente pode se estabelecer como um “CEO nacional” ou mesmo “ditador”, concentrando todo o poder no poder executivo e substituindo o sistema legal e os tribunais, enquanto muda de um “Congresso oligárquico” para um “presidente monárquico”. Os americanos, ele insiste, “terão que superar sua fobia de ditador”.31 Yarvin instrumentalizou o Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien, categorizando a elite esquerdista ou a classe profissional-gerencial como uma “aristocracia elfa”, a “classe média baixa” como “hobbits” e “elfos negros” como ele como defensores dos hobbits. Como Steve Bannon, ex-chefe de gabinete da Casa Branca de Trump, com quem ele se identifica, Yarvin se vê como um defensor do MAGA; mas, ao contrário de Bannon, ele não enfatiza a contradição entre as forças do MAGA de classe média baixa e os bilionários capitalistas monopolistas no topo. As verdadeiras lealdades de Yarvin são para com os bilionários, e não para a classe média baixa. De fato, ele nega que seja um verdadeiro fascista, apesar do fato de ter aplicado o rótulo de fascista a si mesmo, caracterizando-se como um defensor mais direto da ditadura (ou da monarquia), já que tem desprezo absoluto pelas massas. No entanto, Yarvin afirma ironicamente: “francamente, Hitler se parece muito comigo” – mas, ele reconhece, mais talentoso e mais malvado.32 Amplamente visto como uma figura em grande parte clandestina que ajudou a manipular o sistema para Trump, Yarvin forneceu o plano geral para uma presidência imperial. Ele argumenta que o poder real é mantido “oligarquicamente” (distinto da noção clássica de oligarquia baseada na riqueza) por pessoas que controlam a mídia e as universidades, constituindo a “Catedral”. A Catedral só pode ser derrubada por um monarca ou ditador, atuando como CEO. Uma vez eleito, afirmou Yarvin, Trump poderia expurgar a burocracia federal (o que Yarvin chama de “RAGE” – “retire all government employees” – aposentar todos os funcionários do governo) alegando que tinha um mandato eleitoral que lhe permitia transgredir a lei e subjugar os tribunais e o Congresso. Todas as ordens judiciais que exigem que o presidente desista devem ser ignoradas. As grandes corporações de mídia e as universidades devem ser fechadas. Em um podcast, Anton disse a Yarvin: “Você está essencialmente defendendo que alguém – em uma velha jogada – ganhe poder legalmente por meio de uma eleição e depois o exerça ilegalmente”. Yarvin respondeu: “Não seria ilegal. Você simplesmente declararia estado de emergência em seu discurso de posse. O presidente poderia aplicar isso a todos os estados e assumir “todas as autoridades policiais”. Como Anton, Yarvin declarou sobre o presidente: “Você vai ser César”.33 Anton afirmou que as universidades são “más”, uma posição fortemente apoiada por Rufo, ex-diretor do Discovery Institute do design inteligente (criacionista) e bolsista do Claremont Lincoln.34 Rufo é amplamente celebrado nos círculos do MAGA por suas grandes façanhas propagandísticas em transformar a teoria crítica de raça (CRT) e programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) em concepções tóxicas na mente do público. Atualmente, ele é membro sênior do Manhattan Institute for Policy Research e editor colaborador do City Journal. Em “Critical Race Theory: What It Is and How to Fight It” para Imprimis de Hillsdale, Rufo argumentou que a CRT era o produto do Marxismo Cultural e do “marxismo baseado na identidade”. No que se tornou um elemento fundamental da ideologia MAGA, ele afirma que os marxistas de hoje são todos teóricos da identidade e se opõem à “igualdade”, substituindo-a por “equidade”, que é “pouco mais do que marxismo reformulado”. O CRT, ele pronuncia, promove a “neo-segregação”, viola o princípio dos direitos civis e é discriminatório por meio de suas políticas anti-brancas. Desta forma, a lei de direitos civis deve ser redirecionada contra as minorias raciais. Rufo associa CRT e BLM (Black Lives Matter) ao anticapitalismo e ao racismo reverso. Seus ataques ao CRT influenciaram os ataques de Trump em seu primeiro governo.35 Mais recentemente, Rufo defendeu “sitiar as instituições”. Isso inclui atacar quaisquer corporações que instituíram políticas de DEI, vistas como produto do Marxismo Cultural, CRT e BLM (Black Lives Matter) – uma visão neo-macarthista compartilhada pelo governador da Flórida, Ron DeSantis. Os principais alvos são a “teoria radical de gênero” e o que Rufo chama de “império transgênero”. Ele afirma que “devemos lutar para colocar o império transgênero fora do mercado para sempre”. Rufo e a direita MAGA disparam contra o “cartel universitário” (“college cartel” no original) e argumentam que a educação anterior à universitária deve começar com a promoção da “Civilização Ocidental”.36 Um dos críticos mais inflexíveis da diversidade na direita do MAGA é Caldwell, que em seu artigo “The Browning of America” argumenta que “‘Diversidade’ [sempre] foi um atributo das populações subjugadas”. Portanto, reconhecê-lo como base da política social vai contra os princípios dos fundadores da Constituição dos Estados Unidos. Em um artigo sobre Robert E. Lee, Caldwell argumentou que as críticas de esquerda ao comandante das forças confederadas como defensor do Sul escravista e, portanto, da escravidão, visavam eliminar Lee como “a força moral de metade da nação”.37 O editor da Claremont Review of Books, Kesler, membro da Comissão 1776 sobre a História dos EUA designada por Trump para combater o Projeto 1619 sobre a história da escravidão nos EUA, tem sido uma figura importante na promoção da noção MAGA de uma Guerra Fria Civil entre a direita e as chamadas forças dominantes da esquerda. O termo “woke“, que surgiu pela primeira vez no movimento pelos direitos civis, foi massivamente invertido pela direita desde 2019, contando com o comando conservador da mídia, para se referir de forma depreciativa a todas as causas políticas e culturais progressistas contemporâneas. É empregado como um meio de menosprezar as lutas por justiça social contra o racismo e a desigualdade de gênero, enquanto seu uso mais comum é como um apito de cachorro racista. | A A |
| OUTRAS PALAVRAS |
Portal Membro desde 13/12/2024 Segmento: Notícias Premiações: |
A A | Gaza: Os campos de concentração biométricosMassacre de 31 palestinos na fila da comida expõe como Israel planeja sua “ajuda humanitária”. Fundação obscura, criada por mercenários dos EUA, a fará com vigilância orwelliana. Objetivo: forçar deslocamentos e consolidar a limpeza étnica Por Bruno Sgarzini, no Other News | Tradução: Rôney Rodrigues Uma fundação obscura está prestes a substituir as organizações humanitárias internacionais na entrega de ajuda a Gaza, em meio aos planos israelenses para deslocar milhares de palestinos e uma fome que afeta meio milhão de habitantes de Gaza devido ao bloqueio, ordenado pelas autoridades israelenses desde março deste ano, para pressionar o Hamas a liberar os reféns israelenses. O plano inclui que a entrega de ajuda humanitária seja custodiada por mercenários de duas empresas lideradas por ex-membros da Agência Central de Inteligência (CIA), do Pentágono e da contratante militar Costellis, herdeira da conhecida empresa de mercenários Blackwater. Depois de proibir a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Oriente Médio e bloquear o trabalho de organizações humanitárias internacionais, Israel tenta novamente criar um dispositivo de ajuda humanitária que terceirize sua responsabilidade de garantir direitos alimentares na Faixa de Gaza. Segundo o advogado Itay Epshtain: “as obrigações de Israel como potência ocupante derivam, entre outros, dos artigos 43 e 48 do Regulamento de Haia, e do artigo 59 da Quarta Convenção de Genebra. Se a totalidade ou parte da população de um território ocupado carece de suprimentos suficientes, deve aceitar planos de socorro, em nome e no interesse da população palestina — não em seu próprio interesse —, e deve facilitá-los por todos os meios ao seu alcance. O artigo 59 estabelece que as atividades de socorro devem ser realizadas por organizações humanitárias imparciais e capazes”. No passado, Israel e Estados Unidos tentaram fazer o mesmo com a construção de um píer para receber ajuda humanitária, que seria dirigido por uma empresa de ex-militares estadunidenses, mas acabou afundando após ser usado para uma operação israelense de resgate de reféns nas mãos do Hamas. Também pretenderam estabelecer o que chamaram de “bolhas humanitárias” em algumas zonas de Gaza, custodiadas por chefes de clãs da Faixa e contratantes militares israelenses, onde seria entregue ajuda humanitária depois que os “beneficiados” passassem suas digitais e rostos por scanners biométricos para verificar que não eram militantes do Hamas. A iniciativa estava dentro do marco do famoso Plano dos Generais, elaborado por militares israelenses, que projetava uma ocupação permanente do norte de Gaza. E foi vazada para a mídia após uma chamativa nota na revista do Pentágono estadunidense do “especialista” Omer Dostri, porta-voz de Netanyahu desde agosto de 2024. Na publicação, falava-se que um plano como este poderia estabelecer um regime colaboracionista que deslocasse, de forma permanente, o Hamas e a Autoridade Nacional Palestina da administração de Gaza, um objetivo de longa data do governo israelense. Desta vez, o plano não é tão diferente dos anteriores: o gabinete de Benjamin Netanyahu aprovou a entrega de ajuda humanitária, alimentos e medicamentos, através da Fundação Humanitária de Gaza, uma entidade registrada em fevereiro deste ano na Suíça. Para isso, as Forças de Defesa de Israel (FDI) constroem quatro pontos de distribuição que ficariam a cargo da fundação, segundo imagens de satélite revisadas pelo jornal Haaretz. Três dos pontos estão atrás do corredor Netzarim, que os militares israelenses fortificaram com checkpoints e bases militares para dividir o norte do sul de Gaza. Segundo Netanyahu, Israel pretende “criar grandes zonas seguras no sul de Gaza. A população palestina se deslocará para lá por sua própria segurança, enquanto nós combatemos em outras zonas”. Para o jornal israelense Haaretz: “os militares israelenses controlarão um perímetro exterior, enquanto contratantes privados assegurarão e operarão um centro de distribuição dentro da zona. Especialistas humanitários estimam que entre 2.000 e 3.000 gazenses cruzarão essas linhas diariamente, após passar por uma identificação biométrica e várias fileiras de soldados armados e contratantes, segundo a formulação atual do plano”. Em seu relatório “Mapeamento de um Genocídio”, a Forensic Architecture afirma que “Israel destruiu 36% da superfície de Gaza apenas para construir pontos militares e estradas para possibilitar uma ocupação de longo prazo”. Por isso, a Fundação Humanitária de Gaza desempenha um papel chave para apoiar o que é a reedição deste velho plano israelense; que se conjuga com os chamados dos colonos extremistas para instalar assentamentos no norte da Faixa. Segundo um de seus documentos internos, “distribuiria 300 milhões de refeições nos primeiros 90 dias”. A organização planeja alimentar os palestinos por 1,30 dólares por refeição, cifra que inclui o custo de contratar mercenários estrangeiros para proteger os alimentos e as instalações. “A ajuda será distribuída sem consideração de identidade, origem ou afiliação. Não haverá requisitos de elegibilidade”. As FDI “não estarão estacionadas em ou perto dos locais dos centros de distribuição para manter a natureza neutra e civil das operações”, afirma o documento que teria sido elaborado pelo think tank israelense Tachlith. Não está claro o respaldo financeiro da operação, apoiada também pelo governo Trump. Até a semana passada, nenhum doador estrangeiro havia aportado fundos, segundo o The Financial Times. Uma fonte, consultada pelo meio, revelou que um país se comprometeu a aportar pelo menos 100 milhões de dólares, mas o dinheiro ainda não se materializou. Há sérias dúvidas se essa companhia é apoiada por algumas monarquias árabes, como os Emirados Árabes Unidos, que nas últimas semanas firmaram importantes acordos com os Estados Unidos durante a turnê de Trump pelo Oriente Médio. Até o momento, Dubai negou qualquer adesão ao plano, enquanto mais de 20 países da Europa e Ásia criticaram a iniciativa, entre eles Reino Unido e Alemanha, dois países facilitadores do genocídio em Gaza. O certo é que a criação da fundação surgiu de um grupo de ex-funcionários de inteligência e defesa dos Estados Unidos e executivos de empresas preocupados com “o desvio da ajuda por parte do Hamas”, segundo documentos internos da proposta revelados pelo The Washington Post. “A operação substituiria as redes de distribuição de ajuda existentes, coordenadas pelas Nações Unidas. Os civis palestinos teriam que viajar aos centros de distribuição e se submeter a controles biométricos de identidade para receber rações das ONGs. Com o tempo, segundo o plano, os palestinos viveriam em complexos vigiados que abrigariam cada um até dezenas de milhares de civis”, de acordo com o jornal estadunidense. Seis meses antes de Israel e Estados Unidos apoiarem o plano da organização, um documento interno de 198 páginas levantou as limitações que a iniciativa teria: “por se tratar de uma organização completamente nova sem antecedentes de projetos ou conquistas prévias, a fundação requereria uma estratégia de recrutamento meticulosa para atrair organizações humanitárias internacionais e diretores destacados que aportassem ‘sua própria reputação no âmbito humanitário’”. Por isso, em um rascunho interno da fundação, vazado pela empresa, aparecem, em sua diretoria e assessores, figuras como Nate Mook, ex-CEO da World Central Kitchen, a organização humanitária do chef José Andrés, e David Beasley, ex-diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU. Os dois negaram, através de comentários à imprensa, pertencer à fundação em um contexto onde tanto organizações humanitárias quanto as Nações Unidas criticaram a iniciativa por não cumprir os princípios humanitários de imparcialidade, neutralidade e independência. Para o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários: “a proposta contraria princípios humanitários fundamentais e parece desenhada para reforçar o controle sobre os artigos essenciais como tática de pressão dentro de uma estratégia militar. É perigoso, além disso, pois obriga a população civil a se deslocar para zonas militarizadas para coletar rações, o que põe em perigo a vida, inclusive dos trabalhadores humanitários, ao mesmo tempo que consolida ainda mais o deslocamento forçado”. Diante do êxodo de personalidades relacionadas ao mundo humanitário por suas reservas éticas (inclusive Tony Blair se distanciou da iniciativa), a fundação ficou composta em sua diretoria por uma multiplicidade de ex-militares, ex-funcionários estadunidenses e figuras desconhecidas, como seu presidente, David Papazian, ex-diretor do Fundo de Interesses Nacionais da Armênia e executivo da companhia aérea low cost Fly Arna Airlines. Entre eles, destacam-se personagens como Jake Wood, diretor-executivo da fundação, um veterano da Marinha dos Estados Unidos que dirigiu a agência de ajuda em casos de desastre Team Rubicon, David Burke, diretor de operações, também um fuzileiro naval aposentado e colega de Wood no Team Rubicon, John Acree, chefe de Missão que foi líder de resposta a desastres e catástrofes da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), o tenente-general reformado Mark C. Schwartz, ex-coordenador de Segurança dos Estados Unidos para Israel e a Autoridade Palestina, Raisa Sheynberg, vice-presidente de Assuntos Governamentais na Mastercard que, antes, trabalhou no escritório de Terrorismo e Inteligência Financeira do Departamento do Tesouro e foi diretora do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca para Comércio e Investimentos Internacionais durante o governo Obama. Um dos temores iniciais dos organizadores do projeto foram as possíveis acusações de que seus centros de distribuição de alimentos e complexos residenciais fossem “campos de concentração com reconhecimento biométrico”, dirigidos por uma organização vinculada a Israel. Ao que parece, apesar das dúvidas sobre a capacidade da “fundação”, o plano segue em marcha e só se permitiu o acesso de ajuda humanitária a Gaza, por parte de organizações internacionais, até que esteja em funcionamento. A criação dessas “bolhas humanitárias” remonta ao final de 2023, quando a unidade do Ministério da Defesa Israelense encarregada da “ajuda a Gaza” começou a formular planos para “confinar os civis palestinos dentro de zonas seguras enquanto as FDI combatiam os militantes do Hamas do lado de fora”. A ideia de estabelecer “sistemas de identificação biométrica para controlar os palestinos que coletassem a ajuda foi de Liran Tancman, empresário e reservista da unidade de inteligência de sinais 8200 das FDI”, responsável por desenvolver ferramentas de espionagem e uso de IA para atacar os Territórios Palestinos Ocupados, segundo o The Washington Post. Um elo chave para concretizar a ideia de criar esta fundação foi Phil Reilly, oficial paramilitar aposentado da CIA e ex-chefe de estação da agência no Afeganistão, a quem os funcionários israelenses comentaram seu plano e a intenção de que os Estados Unidos se envolvessem na liderança da iniciativa para evitar vinculações com Tel Aviv (isso explicaria a enorme quantidade de ex-funcionários estadunidenses no conselho da fundação). Por essa razão, a iniciativa foi anunciada em 9 de maio por Mike Huckabee, embaixador dos Estados Unidos em Israel e de boa relação com figuras pró-israelenses como Miriam Adelson, viúva do magnata dos cassinos Sheldon Adelson, um dos principais financiadores de Netanyahu. Reilly, que planejou nos bastidores a fundação segundo o Washington Post, é o diretor-executivo da Safe Reach Solutions (SRS), uma das duas contratantes militares encarregadas da segurança das “bolhas humanitárias”. A companhia teve presença em Gaza durante o último cessar-fogo entre Hamas e Israel, graças ao apoio dos Estados Unidos, Egito, Qatar e as duas forças beligerantes. Sua origem é opaca, pois, em termos patrimoniais, é uma empresa fantasma da firma de gestão Two Ocean Trust LLC, sediada em Wyoming, segundo uma investigação do analista Jack Poulson. Reilly, por sua vez, foi vice-presidente sênior de atividades especiais da Constellis, empresa surgida de uma fusão da contratante Academi, antes conhecida como Blackwater, e a empresa de segurança privada Triple Canopy. Seu pessoal está repleto de antigos tenentes e comandantes do Pentágono estadunidense. A outra companhia encarregada da segurança da distribuição é a UG Solutions, fundada pelo ex-boina-verde Jameson Govoni, que “ajudou a estabelecer um programa de vigilância para as Forças Especiais do Pentágono que visava ensinar soldados de operações especiais a realizar vigilância e encontrar células terroristas difíceis de localizar em todo o mundo”. Govoni “antes de fundar a UG, descreveu-se como um degenerado de Boston que se alistou no exército o mais rápido que pôde para infligir dor às pessoas que nos infligiram dor”, segundo o jornal israelense Haaretz. A UG Solution, como a Safe Reach Solution, participou com contratantes durante o último cessar-fogo e teria pago a seus mercenários um total de 1.100 dólares diários, acima do salário oferecido na época pela Blackwater. O ressurgimento do plano de “bolhas humanitárias”, liderado por essas fundações e empresas, é criticado até por generais israelenses por considerá-lo inviável, segundo o The Washington Post. O paradoxo é que, enquanto o governo de Netanyahu acusa o Hamas de atacar os envios de ajuda humanitária, os militares israelenses permitem no sul de Gaza que gangues de narcotraficantes, afiliadas ao Estado Islâmico (ISIS), saqueiem os caminhões com alimentos e medicamentos que chegam do Egito. Inclusive, Yasser Abu Shabab, traficante de drogas e líder de gangues vinculado ao ISIS, comanda um posto de controle em Rafah em uma zona declarada de “extermínio” pelos militares israelenses, segundo Muhammad Shehada, pesquisador do Conselho Europeu para Relações Exteriores. O que demonstra uma clara coreografia para desestabilizar os envios de ajuda humanitária internacionais, com o objetivo de que a iniciativa das “bolhas humanitárias”, melhor chamadas de campos de concentração biométricos, seja a única alternativa possível para os palestinos. | A A |
| OUTRAS PALAVRAS |
Portal Membro desde 13/12/2024 Segmento: Notícias Premiações: |
A A | Gaza: a “solução final” de Israel e a hipocrisia da EuropaAo preparar a invasão por terra, Netanyahu desperta críticas na Alemanha e França, Reino Unido e Itália. Mas o gesto resultará em ação? Ou será apenas uma tentativa de esconder a cumplicidade com 8 décadas de ocupação criminosa da Palestina? Por Jonathan Cook, no GGN Se você pensava que as capitais ocidentais estavam finalmente perdendo a paciência com a estratégia israelense de causar fome em Gaza, quase dois anos após o início do genocídio, pode estar decepcionado. Como sempre, os eventos seguiram em frente – mesmo que a fome extrema e a desnutrição dos dois milhões de habitantes de Gaza não tenham diminuído. Líderes ocidentais agora expressam “indignação”, como a mídia chama, com o plano do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de “tomar o controle total” de Gaza e “ocupá-la”. Em algum momento no futuro, Israel aparentemente está pronto para entregar o enclave a forças externas sem ligação com o povo palestino. O gabinete israelense concordou na sexta-feira passada com o primeiro passo: a tomada da Cidade de Gaza, onde centenas de milhares de palestinos estão amontoados nas ruínas, morrendo de fome. A cidade será cercada, sistematicamente despovoada e destruída, com os sobreviventes presumivelmente conduzidos para o sul, para uma “cidade humanitária” – o novo termo israelense para um campo de concentração – onde serão confinados, aguardando a morte ou a expulsão. No fim de semana, ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, Alemanha, Itália, Austrália e outras nações ocidentais emitiram uma declaração conjunta condenando a medida, alertando que ela “agravaria a catastrófica situação humanitária, colocaria em risco a vida dos reféns e aumentaria ainda mais o risco de deslocamento em massa de civis”. A Alemanha, a maior apoiadora de Israel na Europa e sua segunda maior fornecedora de armas, está aparentemente tão consternada que prometeu “suspender” – isto é, atrasar – os embarques de armas que ajudaram Israel a assassinar e mutilar centenas de milhares de palestinos nos últimos 22 meses. É improvável que Netanyahu fique muito perturbado. Sem dúvida, Washington intervirá e compensará qualquer falha de seu principal cliente no Oriente Médio, rico em petróleo. Enquanto isso, Netanyahu mais uma vez desviou o foco, já tardio, do Ocidente, das provas incontestáveis das ações genocidas em andamento por Israel – evidenciadas pelas crianças esqueléticas de Gaza – para uma história completamente diferente. Agora, as manchetes tratam da estratégia do primeiro-ministro israelense de lançar outra “operação terrestre”, da resistência que ele está recebendo de seus comandantes militares, das implicações para os israelenses ainda mantidos em cativeiro no enclave, da capacidade do exército israelense de lidar com a sobrecarga e da possibilidade de o Hamas ser “derrotado” e o enclave “desmilitarizado”. Estamos retornando mais uma vez às análises logísticas do genocídio – análises cujas premissas ignoram o próprio genocídio. Isso não poderia ser parte integrante da estratégia de Netanyahu? Vida e morteDeve ser chocante que a Alemanha tenha sido provocada a interromper o armamento de Israel – supondo que cumpra o prometido – não por causa de meses de imagens de crianças em estado de pele e osso em Gaza, que ecoam as de Auschwitz, mas apenas porque Israel declarou que quer “tomar o controle” de Gaza. É importante notar, é claro, que Israel nunca deixou de controlar Gaza e o restante dos territórios palestinos – em violação aos fundamentos do direito internacional, como decidiu a Corte Internacional de Justiça no ano passado. Israel tem controle absoluto sobre as vidas e mortes da população de Gaza todos os dias – exceto uma – desde a ocupação do pequeno enclave costeiro, muitas décadas atrás. Em 7 de outubro de 2023, milhares de combatentes palestinos escaparam brevemente do campo de prisioneiros sitiado que eles e suas famílias haviam enfrentado, depois que Israel baixou a guarda momentaneamente. Gaza tem sido, há muito tempo, uma prisão que os militares israelenses controlavam ilegalmente por terra, mar e ar, determinando quem podia entrar e sair. Manteve a economia de Gaza estrangulada e colocou a população do enclave “em uma dieta” que resultou em desnutrição crescente entre suas crianças muito antes da atual campanha de fome. Presos atrás de uma cerca altamente militarizada desde o início da década de 1990, sem acesso às suas próprias águas costeiras e com drones israelenses constantemente vigiando-os e lançando mortes do ar, o povo de Gaza a via mais como um campo de concentração modernizado. Mas a Alemanha e o resto do Ocidente estavam bem em apoiar tudo isso. Eles continuaram vendendo armas a Israel, concedendo-lhe status comercial especial e oferecendo cobertura diplomática. Somente quando Israel levar à conclusão lógica sua agenda colonial de colonização de substituir o povo palestino nativo por judeus, é aparentemente hora de o Ocidente dar vazão à sua retórica “indignação”. Trapaça de dois EstadosPor que a resistência agora? Em parte, isso se deve ao fato de Netanyahu estar puxando o tapete debaixo do pretexto acalentado por décadas para apoiar a criminalidade cada vez maior de Israel: a lendária solução de dois Estados. Israel conspirou nesse artifício com a assinatura dos Acordos de Oslo em meados da década de 1990. O objetivo nunca foi a concretização de uma solução de dois Estados. Em vez disso, Oslo criou um “horizonte diplomático” para “questões de status final” – que, como o horizonte físico, sempre permaneceu igualmente distante, por mais movimento ostensivo que houvesse no terreno. Lisa Nandy, secretária de cultura britânica, espalhou exatamente esse mesmo engano na semana passada, ao exaltar as virtudes da solução de dois Estados. Ela disse à Sky News: “Nossa mensagem ao povo palestino é muito, muito clara: há esperança no horizonte.” Cada palestino entendeu sua verdadeira mensagem, que poderia ser parafraseada como: “Mentimos para vocês sobre um Estado palestino por décadas e permitimos que um genocídio se desenrolasse diante dos olhos do mundo nos últimos dois anos. Mas, ei, confiem em nós desta vez. Estamos do seu lado.” Na verdade, a promessa de um Estado palestino sempre foi tratada pelo Ocidente como pouco mais que uma ameaça – e dirigida aos líderes palestinos. As autoridades palestinas precisam ser mais obedientes, mais silenciosas. Elas precisam primeiro provar sua disposição de policiar a ocupação israelense em nome de Israel, reprimindo seu próprio povo. O Hamas, é claro, falhou nesse teste em Gaza. Mas Mahmoud Abbas, chefe da Autoridade Palestina (AP) na Cisjordânia ocupada, fez de tudo para tranquilizar seus examinadores, classificando como “sagrada” a suposta “cooperação” de suas forças de segurança levemente armadas com Israel. Na realidade, elas estão lá para fazer o trabalho sujo. No entanto, apesar do bom comportamento incessante da AP, Israel continuou a expulsar palestinos comuns de suas terras, roubando-as – que deveriam formar a base de um Estado palestino – e entregando-as a colonos judeus extremistas apoiados pelo exército israelense. O ex-presidente dos EUA, Barack Obama, tentou, breve e fracamente, interromper o que o Ocidente, enganosamente, chama de “expansão dos assentamentos” judaicos – na realidade, a limpeza étnica de palestinos –, mas desistiu ao primeiro sinal de intransigência de Netanyahu. Israel intensificou o processo de limpeza étnica na Cisjordânia ocupada de forma ainda mais agressiva nos últimos dois anos, enquanto a atenção global se voltou para Gaza – com o jornal israelense Haaretz alertando esta semana que os colonos receberam “rédea solta”. Uma pequena janela para a impunidade concedida aos colonos enquanto eles travam sua campanha de violência para despovoar as comunidades palestinas foi destacada no fim de semana, quando a B’Tselem divulgou imagens de um ativista palestino, Awdah Hathaleen, filmando inadvertidamente seu próprio assassinato. O colono extremista Yinon Levi foi libertado sob a alegação de legítima defesa, embora o vídeo o mostre mirando Hathaleen de longe, mirando e atirando. O álibi desapareceuÉ notável que, após pararem de fazer referência à criação de um Estado palestino por muitos anos, os líderes ocidentais só tenham reavivado seu interesse agora – agora que Israel está tornando a solução de dois Estados irrealizável. Isso foi ilustrado graficamente por imagens transmitidas este mês pela ITV. Filmadas de um avião de ajuda humanitária, elas mostraram a destruição generalizada de Gaza – suas casas, escolas, hospitais, universidades, padarias, lojas, mesquitas e igrejas destruídas. Gaza está em ruínas. Sua reconstrução levará décadas. Jerusalém Oriental ocupada e seus locais sagrados foram há muito tempo tomados e judaizados por Israel, com o consentimento ocidental. De repente, as capitais ocidentais estão percebendo que os últimos remanescentes do proposto Estado Palestino estão prestes a ser engolidos por completo por Israel também. A Alemanha alertou Israel recentemente para que não tome “nenhuma medida adicional para anexar a Cisjordânia”. O presidente dos EUA, Donald Trump, está seguindo seu próprio caminho. Mas este é o momento em que outras grandes potências ocidentais – lideradas por França, Grã-Bretanha e Canadá – começaram a ameaçar reconhecer um Estado Palestino, mesmo com a possibilidade de tal Estado ter sido eliminada por Israel. A Austrália anunciou que se juntaria a eles esta semana, depois que seu ministro das Relações Exteriores, alguns dias antes, disse em voz alta a parte mais discreta, alertando: “Há o risco de não haver mais Palestina para reconhecer se a comunidade internacional não se mobilizar para criar esse caminho para uma solução de dois Estados.” Isso é algo que eles não ousam aceitar, porque com isso se vai o álibi para apoiarem durante todos esses anos o Estado de apartheid de Israel, agora mergulhado nos estágios finais de um genocídio em Gaza. Foi por isso que o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, mudou de rumo desesperadamente recentemente. Em vez de apresentar o reconhecimento do Estado palestino como uma isca para incentivar os palestinos a serem mais obedientes – política britânica há décadas –, ele o utilizou como uma ameaça, e em grande parte vazia, contra Israel. Ele reconheceria um Estado palestino se Israel se recusasse a concordar com um cessar-fogo em Gaza e prosseguisse com a anexação da Cisjordânia. Em outras palavras, Starmer apoiou o reconhecimento do Estado palestino – após Israel ter prosseguido com sua completa apagamento. Extraindo concessõesAinda assim, a ameaça de reconhecimento da França e da Grã-Bretanha não é simplesmente tardia demais. Ela serve a dois outros propósitos. Primeiro, fornece um novo álibi para a inação. Existem muitas maneiras muito mais eficazes para o Ocidente deter o genocídio de Israel. As capitais ocidentais poderiam embargar a venda de armas, interromper o compartilhamento de informações, impor sanções econômicas, romper laços com instituições israelenses, expulsar embaixadores israelenses e rebaixar as relações diplomáticas. Elas não estão optando por fazer nada disso. E, em segundo lugar, o reconhecimento visa extrair dos palestinos “concessões” que os tornarão ainda mais vulneráveis à violência israelense. De acordo com o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot: “Reconhecer um Estado da Palestina hoje significa estar ao lado dos palestinos que escolheram a não violência, que renunciaram ao terrorismo e estão preparados para reconhecer Israel.” Em outras palavras, na visão do Ocidente, os “bons palestinos” são aqueles que reconhecem e se rendem ao Estado que comete genocídio contra eles. Líderes ocidentais há muito tempo vislumbram um Estado palestino apenas sob a condição de que seja desmilitarizado. O reconhecimento, desta vez, pressupõe a concordância do Hamas em se desarmar e sua saída de Gaza, deixando Abbas para assumir o enclave e presumivelmente continuar a missão “sagrada” de “cooperar” com um exército israelense genocida. Como parte do preço do reconhecimento, todos os 22 membros da Liga Árabe condenaram publicamente o Hamas e exigiram sua remoção de Gaza. Bota no pescoço de GazaComo tudo isso se encaixa na “ofensiva terrestre” de Netanyahu? Israel não está “tomando” Gaza, como ele afirma. Sua bota está no pescoço do enclave há décadas. Enquanto as capitais ocidentais contemplam uma solução de dois Estados, Israel prepara uma campanha final de limpeza étnica em massa em Gaza. O governo de Starmer, por exemplo, sabia que isso estava por vir. Dados de voo mostram que o Reino Unido tem operado constantemente missões de vigilância sobre Gaza em nome de Israel, a partir da base da Força Aérea Real de Akrotiri, em Chipre. Downing Street tem acompanhado passo a passo a destruição do enclave. O plano de Netanyahu é cercar, sitiar e bombardear as últimas áreas povoadas remanescentes no norte e centro de Gaza, e empurrar os palestinos para um gigantesco cercado de contenção – erroneamente chamado de “cidade humanitária” – ao longo da curta fronteira do enclave com o Egito. Israel provavelmente empregará os mesmos empreiteiros que vem usando em outras partes de Gaza para ir de rua em rua demolir ou explodir quaisquer edifícios sobreviventes. A próxima etapa, dada a trajetória dos últimos dois anos, não é difícil de prever. Presos em sua distópica “cidade humanitária”, o povo de Gaza continuará a ser bombardeado e faminto sempre que Israel alegar ter identificado um combatente do Hamas em seu meio, até que o Egito ou outros Estados árabes possam ser persuadidos a acolhê-los, como mais um gesto “humanitário”. Então, a única questão a ser resolvida será o que acontecerá com os imóveis: construir alguma versão do reluzente projeto “Riviera” de Trump ou construir outra colcha de retalhos de assentamentos judaicos, como imaginada pelos aliados abertamente fascistas de Netanyahu, Bezalel Smotrich e Itamar Ben Gvir. Há um modelo bem estabelecido para se basear, que foi usado em 1948 durante a criação violenta de Israel. Palestinos foram expulsos de suas cidades e vilas, no que então era chamado de Palestina, através das fronteiras para os estados vizinhos. O novo Estado de Israel, apoiado por potências ocidentais, começou então a destruir metodicamente todas as casas nessas centenas de vilas. Nos anos seguintes, essas vilas foram ajardinadas com florestas ou comunidades judaicas exclusivas, muitas vezes dedicadas à agricultura, para tornar o retorno palestino impossível e abafar qualquer lembrança dos crimes de Israel. Gerações de políticos, intelectuais e figuras culturais ocidentais celebraram tudo isso. O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson e o ex-presidente austríaco Heinz Fischer estão entre aqueles que foram a Israel na juventude para trabalhar nessas comunidades agrícolas. A maioria voltou como emissários de um Estado judeu construído sobre as ruínas de uma pátria palestina. Uma Gaza esvaziada pode ser reconstruída da mesma forma. Mas é muito mais difícil imaginar que desta vez o mundo esquecerá ou perdoará os crimes cometidos por Israel – ou aqueles que os possibilitaram. | A A |
| OUTRAS PALAVRAS |
Portal Membro desde 13/12/2024 Segmento: Notícias Premiações: |
A A | Palantir, o braço digital do fascismo tardioCorporação do bilionário Peter Thiel multiplica seu capital fornecendo aos EUA e Israel sistemas que identificam quem deportar ou matar. Seus anúncios pregam o supremacismo do Ocidente. Conexão com Trump assegura contratos e imunidade Por Alberto Toscano, no Contretemps | Tradução: Antonio Martins Uma nova campanha de recrutamento surgiu, há alguns meses, nos campi das universidades mais prestigiadas dos EUA. Na Universidade Cornell em Ítaca (uma pequena cidade universitária situada a cerca de 280 km a noroeste de Nova York) e na Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia, pôsteres sombrios exibidos em pontos de ônibus mostravam um alerta ameaçador: “A hora da verdade chegou para o Ocidente”. Eles acusavam os gigantes da tecnologia de negligenciar o “interesse nacional” ao decidirem “o que deve ser construído”. Em contrapartida, a Palantir1, contratada de defesa especializada em análise de dados e autora desses pôsteres, declarava que não se limitava a criar produtos tecnológicos “para garantir o futuro da América”, mas sim “para dominar”. A mensagem implícita desses anúncios ecoa a convicção dos líderes da Palantir — incluindo o fundador Peter Thiel (1967) e o executivo-chefe Alex Karp (1967) — de que a verdadeira missão do Vale do Silício é consolidar a supremacia militar dos EUA e do Ocidente: uma nostalgia reacionária da fusão entre Estado, engenharia e capital que marcou a Guerra Fria. Nessa versão do ultranacionalismo tecnológico, devolver a grandeza aos Estados Unidos significa não só dominar adversários estrangeiros, mas também lançar uma ofensiva contra o “capital woke”, o consumismo considerado afeminado e um sistema universitário voltado à justiça social e à diversidade. (Os pôsteres da Palantir foram divulgados em paralelo a uma nova iniciativa para atrair estudantes do ensino médio com excelentes notas, oferecendo-lhes uma bolsa de quatro meses para “escapar do doutrinamento” do ensino superior.) ![]() A Palantir tem motivos de sobra para embarcar nessa onda de contratações. Apesar de seus críticos terem comemorado quando suas ações caíram brevemente, após os anúncios das tarifas aduaneiras do governo Trump, seu valor triplicou desde as eleições presidenciais dos EUA, em novembro de 2024. E o talento da empresa para cultivar relações de alto escalão na segurança nacional lhe rendeu uma enxurrada de contratos governamentais ligados ao autoritarismo crescente de Trump. A Palantir já se aliou à SpaceX, empresa de Elon Musk (1971), e à Anduril2, contratada especializada em IA e robótica, para começar a construir o “Golden Dome”, “Escudo de Ouro” de Trump — uma versão norte-americana do sistema de defesa aérea israelense Iron Dome. Também colabora com o DOGE (Departamento de Eficiência Governamental) criado por Musk para estabelecer uma interface de programação de aplicativos3 que permita ao Departamento de Segurança Interna vasculhar dados da Receita Federal e identificar contribuintes indocumentados para deportação. Em abril de 2024, a Palantir — que mantém parcerias de longa data com o exército, a polícia e os serviços de controle de fronteiras dos EUA — garantiu um contrato de US$ 29,8 milhões com a ICE (polícia antiimigrantes) para aprimorar seu “Sistema Operacional do Ciclo de Vida da Imigração”4, um sistema distópico que fornece informações detalhadas sobre imigrantes que o governo deseja monitorar, deter e deportar. A empresa também se prepara para reorganizar o sistema de gestão de investigações da ICE, rastreando populações-alvo por meio de centenas de categorias de dados — desde cor dos olhos e tatuagens até endereços profissionais e números de previdência social. Ex-funcionários alarmados com o apoio ao programa repressivo de Trump publicaram recentemente uma carta aberta intitulada “The Scouring of the Shire” (A Limpeza do Condado)5, alertando que a Palantir (e as gigantes de tecnologia em geral) “normaliza o autoritarismo sob o disfarce de uma ‘revolução’ conduzida por oligarcas”. O trabalho da Palantir em Pesquisa & Desenvolvimento fascista não se limita aos EUA. A empresa e Karp, seu executivo-chefe declararam abertamente seu apoio ideológico e material a Israel durante o genocídio em Gaza. Numa reunião extraordinária do conselho em Tel Aviv (janeiro/2024), a empresa destacou sua parceria estratégica com o ministério da Defesa israelense, fornecendo tecnologias bélicas como sua plataforma de IA — supostamente usada para decisões em tempo real em zonas de guerra via chatbots automatizados. A direção da Palantir deixou claro que sua visão de supremacia ocidental inclui a defesa intransigente do sionismo no exterior e do nacionalismo de extrema direita em seu próprio país. Por meio de tudo isso, a Palantir tornou-se o epítome do alinhamento da indústria tecnológica com o ultranacionalismo autoritário — indo muito além das saudações nazistas de Elon Musk, seu pró-natalismo de tabloide e seus trolls “dark MAGA”6. Nas palavras do pesquisador Jathan Sadowski: “Desde sua fundação, a Palantir busca fornecer a ‘camada ontológica’ do fascismo, materializando seus objetivos ideológicos”. Em outras palavras, a Palantir cria infraestrutura digital a serviço das múltiplas formas de violência e controle estatal que sustentam o autoritarismo contemporâneo — desde softwares que facilitam deportações em massa até IAs usadas em guerras contra povos colonizados. Menos de um mês após a volta de Trump ao poder, Karp lançou The Technological Republic: Hard Power, Soft Belief, and the Future of the West — mistura curiosa (e verbosa) de manifesto neoconservador e propaganda corporativa. No centro do livro está a versão tecnológica do velho lamento da direita: para Karp, as elites liberais “woke”, estudantes militantes e até intelectuais como Edward Said (1935-2003) teriam “emasculado” o Ocidente, enfraquecendo seu ímpeto tecnológico justamente quando enfrenta a revolução da IA e o avanço da China. Mas por trás dessa retórica estereotipada sobre guerra cultural, é fácil discernir a raiva de Karp contra a resistência organizada dos trabalhadores do setor tecnológico — como as campanhas #NoTechForICE7 e a Tech Workers Coalition — que combatem o projeto de construir o arsenal do fascismo. Aqui, a ideologia se funde com um argumento comercial. A Palantir não só lucra com o medo — seja de migrantes, da IA ou de futuras guerras travadas com enxames de drones — que leva governos a abrir os cofres públicos. Também tira partido da onda midiática em torno de seu modelo comercial distópico, que promete fundir análise de dados e violência estatal. Seu valor na bolsa quintuplicou no último ano, ultrapassando US$ 290 bilhões — muito além do crescimento real de receita. Essa lacuna é preenchida por especulações sobre um futuro que a Palantir retrata como uma escolha entre supremacia norte-americana ou dominação chinesa. Por trás dos lamentos de Karp sobre uma crise ocidental de “crença”, o que ele realmente quer que aceitemos é a Palantir: uma nova interface reluzente para o velho comércio de racismo, repressão e guerra. Notas 1A Palantir Technologies Inc. é uma empresa norte-americana fundada em 2003 e listada na Nasdaq. Fornece plataformas de análise de dados em massa (Gotham, Foundry, AIP) para agências governamentais (defesa, inteligência, polícia, imigração). Em 2024, faturou US$ 2,87 bilhões, com lucro de US$ 214 milhões no 1º trimestre de 2025. Suas ações saltaram 73% desde o início do ano, elevando sua capitalização para quase US$ 300 bilhões – colocando-a entre as 40 empresas mais valiosas do mundo. Essa explosão financeira é sustentada por contratos lucrativos com a Immigration and Customs Enforcement — ICE, a polícia antiimigrantes dos EUA — (US$ 30 milhões em abril) e o Pentágono (US$ 178 milhões só em março), além de seu papel central no desenvolvimento da IA. É um sucesso econômico alarmante para ativistas de direitos humanos, que denunciam vigilância em massa e tendências autoritárias. 2 A Anduril Industries é uma empresa norte-americana fundada em 2017, especializada em sistemas autônomos de defesa (drones aéreos e submarinos, vigilância, lançadores de foguetes), controlados por sua plataforma de software “Lattice”. Em junho de 2025, sua avaliação atingiu US$ 30 bilhões após captação excepcional de US$ 2,5 bilhões. Atualmente colabora com gigantes da defesa como a Rheinmetall para produzir drones na Europa, e possui ampla carteira de contratos (defesa dos EUA, marinha australiana etc.), consolidando crescente poder militar e industrial. 3 Em abril de 2025, a revistaWiredrevelou que a Palantir colabora com o DOGE (Departamento de Eficiência Governamental, iniciativa de Elon Musk para desenvolver um megaportal acessando todos os bancos de dados da IRS (agência tributária dos EUA). O projeto centraliza dados sensíveis – nomes, endereços, números de previdência social, declarações fiscais -, usando o software Foundry da Palantir como hub único de leitura dos sistemas da IRS, gerando preocupações sobre concentração e segurança de dados privados. Ver Makena Kelly, “Palantir Is Helping DOGE With a Massive IRS Data Project”, Wired, 11/04/2025. 4 Immigration Lifecycle Operating System (ILOS): plataforma digital criada pela Palantir para a agência ICE, usada para catalogar, rastrear e facilitar a deportação de migrantes. Apresentada como ferramenta de “eficiência”, exemplifica a deriva securitária e racista da tecnologia a serviço de políticas migratórias repressivas e desumanizadoras. Ver https://notechforice.com. 5“The Scouring of the Shire” (“A Limpeza do Condado”) é o penúltimo capítulo de O Senhor dos Anéis, onde os hobbits retornam para encontrar o Condado corrompido por Saruman. Através de laços comunitários, derrubam esse regime opressivo, cumprindo dupla missão moral: destruir o Anel e defender seu lar. 6 O termo “dark MAGA” designa um movimento político online, apoiado por Elon Musk e figuras da tecnologia, que combina estética gótica (bonés pretos, montagens vermelho/negro, olhos laser em retratos de Trump) com ideias abertamente fascistas. Usa símbolos como o Sonnenrad (“Sol negro” nazista originalmente usado pelas SS) e runes das SS, reforçando imagens de extrema-direita radical em memes virais que reinventam a retórica MAGA com códigos neonazistas. 7A #NoTechForICE é campanha iniciada em 2018 pela organização Mijente para encerrar contratos entre empresas de tecnologia (como Palantir, Amazon e Microsoft) e a agência norte-americana ICE (polícia antiimigrantes), denunciando o uso de tecnologias de vigilância e bancos de dados em políticas de deportação e detenção de migrantes. | A A |
| OUTRAS PALAVRAS |
Portal Membro desde 13/12/2024 Segmento: Notícias Premiações: |
| OUTRAS PALAVRAS |
Portal Membro desde 13/12/2024 Segmento: Notícias Premiações: |
A A |
Brasil e Japão assinam acordo de cooperação de inclusão digital, tecnologia da informação e comunicaçãoBrasil61Ministério das Comunicações assina acordo de inclusão digital e tecnologias da informação e comunicação com governo do Japão O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, assinou nesta terça-feira, em Tóquio, no Japão, um Memorando de Cooperação nas áreas de Tecnologias da Informação e Comunicação e inclusão digital com o ministro de Assuntos Internos e Comunicações do Japão, Murakami Seiichiro. ministro das Comunicações, Juscelino Filho, assinou nesta terça-feira (25), em Tóquio, um Memorando de Cooperação (MoC) nas áreas de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e inclusão digital com o ministro de Assuntos Internos e Comunicações do Japão, Murakami Seiichiro. A parceria estabelecida no memorando tem o objetivo de fortalecer ainda mais a cooperação existente entre os dois países. Além disso, busca incentivar e promover a colaboração bilateral em áreas como inclusão digital, tecnologias de transmissão de última geração em TICs, serviços postais e outros temas relacionados à economia digital. “Essa parceria será fundamental na área de Tecnologia da Informação e Comunicação, e impulsionará a inovação, a inclusão digital e o desenvolvimento sustentável no Brasil. Com essa colaboração, avançamos na modernização de setores essenciais, como telecomunicações, serviços postais e economia digital, promovendo intercâmbio de conhecimento e oportunidades para ambos os países”, disse o ministro das Comunicações, Juscelino Filho. O acordo prevê ainda a facilitação mútua de visitas de funcionários, pesquisadores e equipes envolvidas nos temas abordados, bem como a organização de reuniões, conferências, simpósios, cursos, workshops e exposições. Também está prevista a troca de informações e experiências em diversas áreas das TICs. Além disso, para implementar o MoC, será criado o Diálogo Brasil-Japão sobre Economia Digital. Os dois países compartilharão ideias e identificarão áreas prioritárias de cooperação, incluindo sustentabilidade digital e redução do impacto ambiental das TICs. O diálogo também abordará inovações tecnológicas. Para coordenar o projeto, ambos os países designarão um representante que atuará como ponto focal de comunicação. A assinatura do memorando de cooperação técnica faz parte da agenda do presidente Lula no Japão. O ministro Juscelino Filho integra a comitiva presidencial, que chegou à cidade na última segunda-feira para dar início à visita oficial em celebração aos 130 anos de amizade entre os dois países. ÁREAS DE COOPERAÇÃO Este MoC estabelece áreas prioritárias de cooperação, incluindo regulamentações no setor de TICs, radiodifusão, serviços postais, uso de tecnologias digitais na gestão de desastres naturais, fibra óptica, data centers, OpenRAN, Internet das Coisas (IoT), entre outras de interesse mútuo. Fonte: MCom | A A |
| BRASIL 61 |
Portal Membro desde 03/09/2021 Segmento: Notícias Premiações: |
A A | ![]() Ucrânia compromete defesas aéreas russas e gera prejuízo bilionário com ataques certeirosCom ataques estratégicos, a Ucrânia mira em reduzir a capacidade defensiva aérea russa, visando uma vantagem aérea sustentável Em uma operação significativa, a Ucrânia conseguiu neutralizar cinco sistemas de defesa aérea russos avaliados na totalidade em cerca de US$ 350 milhões (R$ 2,1 bilhões), marcando um duro golpe para as Forças Armadas da Rússia já exauridas pelo conflito que se aproxima da marca de três anos. As informações são da revista Newsweek. Segundo fontes militares ucranianas e um repórter de guerra, as perdas russas incluíram dois sistemas antiaéreos Pantsir-S1 e um sistema OSA, além de dois sistemas S-300. Estes sistemas são vitais para a estratégia defensiva russa, protegendo ativos estratégicos como a ponte de Kerch, que conecta a Rússia à Crimeia ocupada. O sistema Pantsir-S1, utilizado extensivamente desde o início da invasão em grande escala da Ucrânia pelas tropas de Vladimir Putin, é projetado para combater aeronaves, mísseis de cruzeiro e munições guiadas. Cada unidade tem um valor estimado entre US$ 15 milhões e US$ 20 milhões. Por outro lado, os sistemas S-300, responsáveis pela defesa contra ameaças aéreas de maior alcance, estão avaliados em US$ 150 milhões. Nesta segunda-feira (6), a Marinha ucraniana afirmou que destruiu dois sistemas Pantsir-S1 e um sistema OSA em apenas um dia. O Ministério da Defesa da Ucrânia confirmou separadamente a destruição de um dos sistemas Pantsir-S1 na região de Kherson, compartilhando um vídeo de 12 segundos que mostra um drone aproximando-se do alvo. Andriy Tsaplienko, um repórter de guerra ucraniano, noticiou que dois sistemas S-300 foram destruídos nas últimas 24 horas na área de responsabilidade das Forças de Defesa do Sul. Estes relatos destacam a eficácia das operações ucranianas contra a infraestrutura militar russa. “Três sistemas de defesa aérea russos foram destruídos (danificados) pelas forças e meios das Forças Navais das Forças Armadas da Ucrânia. As Forças Navais das Forças Armadas da Ucrânia, juntamente com unidades de outros componentes das Forças de Defesa Ucranianas, continuam a destruir o inimigo em terra, no mar e no ar”, disse a Marinha de Kiev. O Ministério da Defesa da Ucrânia também comentou na plataforma X, antigo Twitter): “Mais um ‘sem-análogo’ sucata. Drones ucranianos destruíram um sistema de defesa aérea Pantsir-S1 na região de Kherson.” Conforme o conflito avança para seu quarto ano, a Ucrânia mantém o foco em ativos militares valiosos da Rússia, numa tentativa de ganhar a iniciativa. Analistas do Instituto para o Estudo da Guerra, um think tank dos EUA, avaliaram que a campanha ucraniana visa degradar as defesas aéreas russas, o que, se bem-sucedido, “poderia permitir que a Ucrânia utilizasse mais eficazmente a força aérea de asa fixa tripulada a longo prazo.” | A A |
| A REFERÊNCIA |
Portal Membro desde 23/12/2021 Segmento: Notícias Premiações: Prêmio Portal do Ano 2023 |
A A | Aumento de doenças respiratórias na China gera alerta também em outros paísesInfluenza e mais vírus respiratórios, como o HMPV, marcam presença mais forte entre as crianças chinesas e já cruzam a fronteira A China enfrenta um novo desafio de saúde pública com o aumento das doenças respiratórias, incluindo casos de vírus como influenza, VSR (vírus sincicial respiratório) e HMPV, principalmente entre crianças. As informações são do site Mint. Autoridades de controle de doenças da China relataram, em 27 de dezembro, um aumento significativo de patologias respiratórias na semana até 22 de dezembro. Entre os vírus identificados, o HMPV tem mostrado uma tendência ascendente entre os jovens com menos de 14 anos, especialmente nas províncias do norte. Esse aumento é considerado uma consequência natural do inverno e da primavera, períodos típicos para o surgimento dessas infecções. No entanto, apesar do aumento, o total de casos esperados para este ano é menor que o do anterior, quando houve um pico similar em novembro de 2023, após o levantamento das restrições de Covid-19. O HMPV, membro da família Pneumoviridae, pode causar doenças respiratórias graves, como bronquite e pneumonia, e é particularmente perigoso para crianças, idosos e pessoas com sistemas imunológicos comprometidos. Os sintomas incluem tosse, febre, nariz bloqueado e falta de ar, segundo especialistas em saúde. A preocupação aumentou após a divulgação de um vídeo nas redes sociais na Índia, mostrando um hospital chinês superlotado com pessoas usando máscaras, embora não exista terapia antiviral específica para o HMPV, diferentemente do Covid-19. Em resposta, o Ministério da Saúde da Índia convocou uma reunião com especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras agências médicas. O HMPV já circula na Índia e globalmente, segundo a pasta, que acrescentou que as medidas preventivas, como o aumento dos testes para o vírus, serão intensificadas. Globalmente, a OMS ainda não comentou especificamente sobre a situação na China ou o vírus em si. Enquanto isso, na Indonésia, as autoridades de saúde recomendaram medidas preventivas, como o uso de máscaras, mesmo sem relatos de casos de HMPV no país. No Reino Unido, um relatório de vigilância nacional da gripe e Covid-19 de 3 de janeiro apontou um leve aumento nos casos de HMPV, para 4,5%, durante a semana de 23 a 29 de dezembro. Isso sinaliza que o problema não está restrito à China. | A A |
| A REFERÊNCIA |
Portal Membro desde 23/12/2021 Segmento: Notícias Premiações: Prêmio Portal do Ano 2023 |
A A |
Líder da oposição venezuelana pede apoio militar e aumenta pressão internacional contra MaduroEdmundo Gonzalez Urrutia fala em assumir o governo e mantém alegação de que a vitória do rival na eleição presidencial foi fraudada O líder da oposição venezuelana, Edmundo Gonzalez Urrutia, intensificou sua campanha contra o presidente Nicolás Maduro ao pedir no domingo (5) que as Forças Armadas reconheçam sua liderança como comandante-chefe da Venezuela. A declaração ocorre em meio a uma viagem internacional destinada a mobilizar apoio global para sua causa e a poucos dias da posse presidencial marcada para 10 de janeiro. As informações são da France24. Gonzalez Urrutia, reconhecido como presidente eleito por nações como Estados Unidos, Itália e diversos países da América Latina, busca consolidar sua posição contra Maduro, que foi declarado vencedor oficial das eleições de 28 de julho. Após ser alvo de um mandado de prisão e deixar a Venezuela, Gonzalez Urrutia se exilou na Espanha em setembro. Agora, em uma turnê internacional, já passou por Buenos Aires e Montevidéu antes de seguir para Washington, onde espera se reunir nesta segunda-feira (6) com o presidente norte-americano, Joe Biden. Uma fonte familiarizada com os planos confirmou a expectativa do encontro, mas a reunião não estava na agenda pública de Biden divulgada no domingo. Além disso, uma forte tempestade de inverno em Washington pode interferir nos planos do líder opositor. Em um vídeo publicado no X, antigo Twitter, Gonzalez Urrutia reafirmou sua disposição de voltar à Venezuela para assumir a presidência. “No dia 10 de janeiro, pela vontade soberana do povo venezuelano, devo assumir o papel de comandante-chefe”, disse. Ele também dirigiu um apelo às forças armadas: “Muitos de vocês já expressaram o desejo de mudança junto ao povo venezuelano, demonstrando isso ao votar contra uma liderança que não oferece estabilidade ou perspectiva de futuro para o país”. Contestação dos resultados eleitoraisEmbora as autoridades eleitorais tenham anunciado a vitória de Maduro pouco após a votação, os detalhes dos resultados ainda não foram divulgados. Em contrapartida, a oposição apresenta pesquisas que indicam uma ampla vantagem de Gonzalez Urrutia, o que acirrou as tensões no país. Desde o anúncio da vitória de Maduro, a Venezuela tem enfrentado uma onda de protestos em larga escala. A repressão aos manifestantes resultou em pelo menos 28 mortes e mais de 2.000 prisões, segundo organizações de direitos humanos. ManifestaçõesEm paralelo aos esforços de Gonzalez Urrutia, Maria Corina Machado, outra figura de destaque na oposição, convocou manifestações em massa para o dia 9 de janeiro, véspera da posse presidencial. Em um vídeo também publicado no X, Machado declarou: “Esse dia será lembrado como o momento em que a Venezuela disse: chega!”. Ela conclamou os venezuelanos a ocuparem as ruas dentro e fora do país: “A liberdade não se implora, ela se conquista. Neste 9 de janeiro, TODOS nas ruas, na Venezuela e ao redor do mundo”. | A A |
| A REFERÊNCIA |
Portal Membro desde 23/12/2021 Segmento: Notícias Premiações: Prêmio Portal do Ano 2023 |
A A | ![]() Dano a cabo submarino em Taiwan levanta suspeitas de ação chinesaApesar da ocorrência, empresa alega que as operações domésticas de telecomunicações seguem inalteradas graças ao sistema alternativo Um cabo submarino na costa nordeste de Taiwan foi severamente danificado, e as autoridades locais identificaram o navio de carga camaronês Shunxin-39 como o principal suspeito. O incidente, ocorrido próximo à cidade de Nova Taipé, levantou preocupações sobre a vulnerabilidade das infraestruturas submarinas globais e possíveis ações de sabotagem marítima. As informações são da ABC News. De acordo com a Guarda Costeira da ilha, o dano foi detectado após um alerta emitido pela Chunghwa Telecom às 12h40 (horário local) de sexta-feira (3). Quatro núcleos do cabo localizado próximo a Yehliu apresentaram danos significativos. Apesar disso, a empresa de telecomunicações garantiu que as operações domésticas seguiram inalteradas devido a sistemas de backup. Às 16h40 do mesmo dia, o Shunxin-39 foi localizado a sete milhas náuticas ao norte de Yehliu. A embarcação foi instruída a retornar às águas fora do Porto de Keelung para uma investigação mais detalhada. No entanto, devido às condições climáticas adversas, os investigadores não conseguiram embarcar no navio, limitando-se à coleta inicial de evidências. Embora registrado em Camarões, as autoridades taiwanesas acreditam que o navio esteja ligado a uma entidade com sede em Hong Kong, possivelmente associada à China continental. A hipótese reforça a narrativa de que a China utiliza “táticas de zona cinzenta” para pressionar Taiwan, segundo Ho Cheng-hui, diretor-executivo da organização de defesa civil Kuma Academy. “Este incidente não é isolado. Ele faz parte de uma estratégia mais ampla da China para testar os limites da tolerância internacional”, afirmou Ho ao Taipei Times. Até o momento, o governo chinês não comentou as alegações, e o Ministério das Relações Exteriores do país permanece em silêncio. O caso foi encaminhado ao Ministério Público Distrital, que investigará as responsabilidades criminais e buscará compensação pelos danos. Infraestrutura submarina na miraEste não é um caso único. Ataques e danos a cabos e oleodutos submarinos têm se tornado um problema crescente em várias partes do mundo, destacando a vulnerabilidade dessas estruturas críticas. Em novembro de 2024, dois cabos de fibra ótica foram cortados no Mar Báltico, com o graneleiro chinês Yi Peng 3 figurando como suspeito. Um mês depois, a Finlândia iniciou investigações de sabotagem relacionadas ao cabo de energia Estlink 2 e outras quatro linhas de telecomunicações. A suspeita recaiu sobre o petroleiro Eagle S, associado à chamada “frota sombra” da Rússia. Apesar das investigações em curso, poucos suspeitos foram formalmente acusados, aumentando a pressão por respostas mais concretas e ações preventivas. A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em resposta às ameaças na região do Báltico, prometeu intensificar sua presença e monitoramento na área. Taiwan reforça defesasDiante desse cenário, Taiwan anunciou medidas para proteger sua infraestrutura de comunicações contra novas ameaças. Uma das estratégias inclui o lançamento de satélites em órbita baixa e média, visando reduzir a dependência de cabos submarinos. “Estamos comprometidos em proteger nossa infraestrutura crítica e responsabilizar aqueles que representarem ameaças”, declarou a Guarda Costeira taiwanesa em comunicado oficial. | A A |
| A REFERÊNCIA |
Portal Membro desde 23/12/2021 Segmento: Notícias Premiações: Prêmio Portal do Ano 2023 |
A A | ![]() Tentativa de ataque ao premiê belga acende alerta sobre violência contra líderes globaisHomem com uma faca tentou invadir a residência oficial de Alexander De Croo antes de ser detido pelas autoridades de Bruxelas Nesta segunda-feira (6), o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, foi alvo de uma tentativa de ataque em sua residência oficial. De acordo com a Belga News Agency, um homem comuma faca tentou invadir o local antes de ser detido pelas autoridades. O incidente ocorre em um cenário de crescente violência contra líderes políticos ao redor do mundo, intensificando debates sobre segurança e agitação sociopolítica global. As informações são da Newsweek. O ataque aconteceu por volta das 10h da manhã, horário local. Segundo a polícia de Bruxelas, o suspeito estava “supostamente armado com uma faca e fez ameaças aos militares presentes” antes de ser contido. A ação foi descrita como rápida e eficiente, e nenhuma pessoa ficou ferida. “Dominamos o homem enquanto aguardávamos a chegada de nossa zona policial, que é responsável por uma investigação mais aprofundada”, informou a polícia em comunicado. Até o momento, os motivos do agressor não foram esclarecidos. De Croo, que ocupa o cargo de primeiro-ministro desde 2020, expressou alívio pelo desfecho do incidente. Em uma publicação no X, antigo Twitter, ele agradeceu à polícia: “Gostaria de agradecer sinceramente aos policiais militares que agiram tão eficientemente esta manhã. Aliviado que ninguém ficou ferido no incidente da faca. O homem foi preso e estamos monitorando de perto a situação com a polícia”. Violência política em altaO caso envolvendo De Croo não é isolado. Nos últimos meses, uma série de ataques e tentativas de assassinato contra líderes políticos tem chamado a atenção internacional. Em maio de 2024, o primeiro-ministro eslovaco Robert Fico foi baleado e levado de helicóptero ao hospital. O autor do ataque, Juraj Cintula, foi acusado de tentativa de homicídio e declarou que suas ações foram motivadas por discordâncias políticas. Outro incidente marcante ocorreu em abril, no Japão, quando Ryuji Kimura, de 24 anos, lançou uma bomba caseira contra o primeiro-ministro Fumio Kishida durante um evento público. Kishida saiu ileso, mas duas pessoas ficaram feridas. Já em outubro, no Oriente Médio, a residência do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu foi alvo de um ataque de drones em Cesareia. Embora não houvesse vítimas, o caso aumentou as preocupações com a segurança em um momento de tensões geopolíticas na região. Nos Estados Unidos, o presidente eleito Donald Trump sobreviveu a duas tentativas de assassinato em 2023: um tiroteio na Pensilvânia e outra investida na Flórida. Cenário político na BélgicaAlexander De Croo, membro do partido Open Flemish Liberals and Democrats, renunciou ao cargo de primeiro-ministro em julho de 2024, após seu partido ser derrotado nas eleições gerais. No entanto, ele continua no posto de maneira interina até que uma nova coalizão seja formada, o que provavelmente resultará em um governo liderado pela direita New Flemish Alliance. Especialistas alertam que o aumento da violência contra líderes políticos pode indicar uma mudança cultural motivada por crescentes tensões sociopolíticas. Casos como o de De Croo destacam a necessidade de aprimorar as estratégias de segurança para autoridades em todo o mundo. A polícia de Bruxelas continua investigando o caso para determinar as motivações do agressor e avaliar se o ataque estava ligado a fatores políticos ou pessoais. | A A |
| A REFERÊNCIA |
Portal Membro desde 23/12/2021 Segmento: Notícias Premiações: Prêmio Portal do Ano 2023 |
A A | ![]() Líderes de China e Coreia do Norte projetam nova era de cooperação com a RússiaXi Jinping e Kim Jong-un enviaram mensagens de Ano Novo a Putin, com Kim apoiando a vitória russa na guerra Em mensagens de Ano Novo enviadas ao presidente russo Vladimir Putin, o presidente da China, Xi Jinping, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, reafirmaram sua intenção de fortalecer os laços estratégicos e políticos com a Rússia, sinalizando um alinhamento crescente entre os três países em um cenário internacional marcado por tensões geopolíticas. As informações são da Reuters. Xi Jinping destacou a disposição da China em manter “intercâmbios próximos” com Putin, reforçando a importância de consolidar a cooperação entre as duas nações. O líder chinês enfatizou que a parceria é baseada em princípios de não aliança, não confrontação e em ações que não têm como alvo terceiros, reforçando a visão de uma amizade duradoura e mutuamente benéfica. Sob sua liderança, afirmou, a confiança política e a coordenação estratégica entre os dois países alcançaram novos patamares. Do lado norte-coreano, Kim Jong-un classificou o último ano como uma “jornada significativa” para o fortalecimento das relações com Moscou, afirmando que as tradicionais conexões amigáveis evoluíram para uma parceria estratégica robusta. Durante duas reuniões com Putin em 2024, Kim firmou um acordo que inclui apoio militar mútuo em caso de agressões externas, consolidando ainda mais os laços entre Pyongyang e Moscou. Em sua mensagem, Kim expressou apoio explícito aos esforços da Rússia no conflito com a Ucrânia, que se estende desde fevereiro de 2022. O líder norte-coreano declarou esperar que 2025 seja lembrado como o ano em que a Rússia alcance uma “grande vitória” contra o que chamou de “neonazismo”, numa clara referência às justificativas russas para o conflito. As mensagens de Xi e Kim refletem a crescente convergência entre China, Coreia do Norte e Rússia, um movimento que tem despertado preocupações no Ocidente. Os Estados Unidos, a Coreia do Sul e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) acusaram Pyongyang de enviar tropas para apoiar as forças russas na guerra contra a Ucrânia, alegações que não foram confirmadas nem desmentidas por Moscou ou Pyongyang. Com a Rússia isolada pelas sanções ocidentais e o avanço de novas alianças no Indo-Pacífico, a aproximação entre esses três países sinaliza um novo equilíbrio de forças no cenário global. Especialistas avaliam que essa parceria pode influenciar profundamente questões como segurança internacional, relações comerciais e o futuro das tensões geopolíticas entre Oriente e Ocidente. | A A |
| A REFERÊNCIA |
Portal Membro desde 23/12/2021 Segmento: Notícias Premiações: Prêmio Portal do Ano 2023 |
A A | ![]() Rússia responsabiliza Ocidente pela interrupção no fornecimento de gás para a EuropaMoscou culpou os EUA, autoridades europeias e a Ucrânia pela interrupção do fornecimento de gás para a Europa, após o fim do acordo de trânsito via território ucraniano Nesta quinta-feira (2), a Rússia culpou o Ocidente, especialmente os Estados Unidos, algumas autoridades europeias e o governo de Kiev, pela interrupção no fornecimento de gás russo para a Europa via Ucrânia. A crise foi desencadeada com o fim do acordo de cinco anos entre Moscou e Kiev sobre o trânsito de gás russo pelo território ucraniano, que expirou na quarta-feira (1º). As informações são da France24. A Ucrânia recusou-se a renovar o contrato devido à guerra em curso entre os dois países, iniciada em 24 de fevereiro de 2022. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, justificou a decisão afirmando que não permitiria que Moscou “lucrasse bilhões a mais” em meio ao conflito. Do lado russo, o presidente Vladimir Putin, em declaração no início de dezembro, afirmou que o acordo de trânsito de gás era “coisa do passado”. Apesar disso, garantiu que a gigante energética russa Gazprom continuaria operando após o término do contrato. Em comunicado oficial, Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, declarou que a Ucrânia tomou a decisão de não renovar o acordo, mesmo com a Gazprom cumprindo suas obrigações contratuais. Segundo Zakharova, a interrupção no fornecimento de gás impacta negativamente a economia europeia e a qualidade de vida dos cidadãos da região. Zakharova argumentou que a decisão ucraniana tem motivação geopolítica, beneficiando os Estados Unidos, que seriam os “principais ganhadores da redistribuição do mercado de energia na Europa”. Ela também apontou os EUA como os “principais patrocinadores da crise ucraniana”. A porta-voz ressaltou que a Alemanha foi um dos primeiros países a sentir os efeitos dessa situação, enfrentando preços mais altos no gás natural após as explosões no gasoduto Nord Stream em setembro de 2022. De acordo com ela, o aumento dos custos levou à paralisação de indústrias históricas no país. Outros países da União Europeia (UE), anteriormente considerados prósperos e autossuficientes, também estariam enfrentando dificuldades semelhantes. Com a interrupção no fornecimento, a dependência europeia de fontes alternativas de energia, como o gás natural liquefeito dos Estados Unidos, deve aumentar. Analistas indicam que a crise pode aprofundar o impacto econômico e energético na região, forçando governos a adotarem medidas de emergência e a explorarem alternativas sustentáveis a longo prazo. | A A |
| A REFERÊNCIA |
Portal Membro desde 23/12/2021 Segmento: Notícias Premiações: Prêmio Portal do Ano 2023 |
A A | ![]() 2025 será o Ano do Defensor da Pátria, anuncia PutinEm discurso, o chefe do Kremlin destacou a resiliência do país, projetou confiança no futuro e pediu união nacional O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na terça-feira (31), durante seu tradicional discurso de fim de ano, que 2025 será oficialmente reconhecido como o Ano do Defensor da Pátria na Rússia. A declaração, feita em tom solene e transmitida nas regiões orientais de Kamchatka e Chukotka, destacou o simbolismo da medida em homenagem aos militares russos e aos 80 anos da Grande Vitória na Segunda Guerra Mundial. As informações foram divulgadas pelo Kremlin. “Em homenagem a eles, ao 80º aniversário da Grande Vitória e como um tributo à memória de nossos antepassados que lutaram pela Pátria em todos os momentos, 2025 foi declarado o Ano do Defensor da Pátria na Rússia”, afirmou Putin, reforçando a importância histórica de preservar a memória e os valores que, segundo ele, moldaram a nação. Durante o discurso, Putin ressaltou que o próximo ano marca também o fim do primeiro quarto do século XXI, um período que, segundo o líder, foi marcado por eventos históricos de grande escala. Ele destacou o que considerou realizações significativas da Rússia nos últimos 25 anos, enfatizando o esforço nacional para enfrentar desafios complexos. “Temos muito a decidir, mas podemos nos orgulhar do que já conquistamos. Este é nosso legado comum, uma base sólida para um futuro promissor. Nosso país – independente, livre e forte – conseguiu responder aos desafios mais difíceis”, declarou o presidente. O discurso de Putin também trouxe uma mensagem otimista e de unidade, projetando confiança no futuro. “Estamos olhando para frente com confiança. Sabemos que tudo ficará bem e que continuaremos avançando”, afirmou, antes de desejar prosperidade e bem-estar ao povo russo. Ele concluiu com um apelo à união nacional: “Quando estivermos juntos, tudo se tornará realidade!” A declaração sobre 2025 como o Ano do Defensor da Pátria reflete a contínua ênfase do Kremlin em valores patrióticos e no fortalecimento da identidade nacional. Analistas avaliam que a medida reforça a narrativa de resiliência e protagonismo internacional defendida pelo governo russo, especialmente em um contexto global de incertezas e tensões geopolíticas. | A A |
| A REFERÊNCIA |
Portal Membro desde 23/12/2021 Segmento: Notícias Premiações: Prêmio Portal do Ano 2023 |
A A | O presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, durante declaração à Imprensa em Moscou (Foto: Alan Santos/PR/Agência Brasil) Mensagens de Ano Novo de Putin reafirmam parcerias estratégicas; Brasil foi incluídoO presidente russo enviou saudações aos líderes de diversos países, incluindo os chefes de Estado e de governo da Coreia do Norte, China, Venezuela, Mianmar e Hungria O presidente da Rússia, Vladimir Putin, enviou saudações de Ano Novo aos líderes globais, reforçando os laços diplomáticos com países-chave em diversas partes do mundo. Em um comunicado divulgado pelo Kremlin nesta segunda-feira (30), foi anunciado que Putin estendeu suas felicitações a chefes de Estado e de governo de nações como Brasil, China, Venezuela, Mianmar, Coreia do Norte, Sérvia, África do Sul, Turquia e Uzbequistão. Além disso, os primeiros-ministros da Armênia, Etiópia, Hungria e Índia também receberam as mensagens de boas festas. As saudações de Putin também se estenderam a ex-líderes internacionais, como o ex-chanceler alemão Gerhard Schroeder, uma demonstração do compromisso contínuo da Rússia com suas parcerias históricas. O gesto também pode ser interpretado como uma reafirmação da posição de Putin em relação a várias questões globais, incluindo segurança, economia e diplomacia, que permanecem em pauta em muitas dessas nações. A Rússia tem enfrentado desafios diplomáticos e econômicos nos últimos anos por conta da guerra na Ucrânia. | A A |
| A REFERÊNCIA |
Portal Membro desde 23/12/2021 Segmento: Notícias Premiações: Prêmio Portal do Ano 2023 |
A A | Zelensky pede à China que intervenha contra envolvimento norte-coreano na guerra | A A |
| A REFERÊNCIA |
Portal Membro desde 23/12/2021 Segmento: Notícias Premiações: Prêmio Portal do Ano 2023 |






















Comentários
Postar um comentário